A hora da reforma ministerial

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Pacífico

Blog da Denise publicado em 2 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito 

Passada a eleição dos presidentes do Poder Legislativo, começa a construção de dois outros pontos que o Congresso espera dos demais Poderes constituídos. Da parte do Poder Executivo, os congressistas aguardam o que chamam de “despetetização” do Palácio do Planalto, ou seja, a abertura dos ministérios palacianos, em especial na articulação política, para as legendas mais ao centro, algo que Lula ainda resiste em fazer. O que mais se ouve dos deputados próximos a Hugo Motta é que é preciso “despetetizar a antessala de Lula”. Se nada mudar por ali, ou a reforma se restringir a encontrar um lugar para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, vai ser difícil o centro se sentir governo.

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E no Judiciário…/ O presidente Hugo Motta fará o périplo no Supremo Tribunal Federal (STF) para explicar e reivindicar a posição dos parlamentares, de cumprimento do arcabouço institucional que deu ao Parlamento mais protagonismo no Orçamento. Afinal, se Hugo não garantir a continuidade dos parlamentares nesse quesito, terá vida curta como um grande comandante entre os próprios pares. Há quem diga com todas as letras que Motta não pode terminar este mandato como o “coveiro do empoderamento” do Congresso no Orçamento.

Começa o jogo rumo a 2026

Como um bom político que joga sempre preparando o próximo lance, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, abre o período legislativo de 2025 nesta segunda-feira, como candidato à reeleição daqui a dois anos, para mais um biênio no comando do Senado. Seu projeto é igualar o feito do ex-presidente José Sarney, o único a comandar o Senado por três vezes desde a redemocratização.

Ministro Pacheco

Os fiéis escudeiros do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) acreditam que ele irá aceitar um ministério no governo Lula, de olho no governo de Minas Gerais em 2026. “Ele e Nikolas irão para o segundo turno e vai dar ele. Com essa projeção, ele consegue votos da esquerda, centro e direita” é o raciocínio dos aliados nos bastidores.

“Tuca” fica

Mariângela Fialek, a assessora especial e técnica em orçamento que coordenou as emendas orçamentárias na gestão de Arthur Lira, recebeu um convite para permanecer no cargo desde que o nome de Hugo Motta foi citado como candidato à Presidência. O convite veio antes mesmo de qualquer especulação sobre a influência de Arthur Lira na administração de Motta. Ela, porém, se comprometeu a ficar, pelo menos, no período de transição.

Por falar em Lira…

Ele continua como o grande construtor da Casa para este biênio. E com o recorde de votos para o comando da Câmara. Teve 20 votos a mais do que Hugo Motta. Em política, isso conta.

Quem avisa…

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que espera que o Supremo Tribunal Federal tenha “bom senso” e pare com a perseguição. De acordo com o senador, é melhor ter “amadurecimento político” agora do que esperar o retorno dos bolsonaristas ao poder e ter uma revanche em 2027.

CURTIDAS

Crédito: Denise Rothenburg

Os construtores/ A coluna acompanhou de perto a festa de despedida de Arthur Lira esta semana e a da eleição de Hugo Motta, na noite de sábado. O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (na foto com Hugo Motta) fez questão de comparecer à Residência Oficial da Câmara, na noite de sexta-feira. Numa roda, comentou: “Quem vem pelo consenso não consegue ir para o atrito”.

Memória/ Vale lembrar que Eduardo Cunha chegou ao comando da Câmara no confronto com o PT, o que desaguou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Depois, ele perdeu o poder. A Casa, desta vez, quer distância do “perde-perde”.

Cena inusitada/ Na noite de sexta-feira, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), candidato a primeiro vice-presidente, encontrou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e foi direto lhe pedir o voto. Gleisi, sempre muito educada e cortês, foi direta: “Não se preocupe! Estamos juntos”.

Avenida do diálogo/ Deputado e ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) disse que a vitória expressiva de Davi Alcolumbre, com 73 votos, foi uma “homenagem do governo” ao senador. Em 2019, Alcolumbre obteve 42 votos, sem o apoio da esquerda. Costa acredita que “vai haver diálogo e o governo vai caminhar para isso”.

Tempo de festa/ Música, brindes, churrasco, costelão. A largada de 2025 é de paz na política. Se o resto do ano será de caneladas ou de confraternizações, depende do esforço dos líderes políticos em buscar o consenso.