A ONU e Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

Inspirados pela jovem sueca Greta Thunberg, os nova-iorquinos tomaram as ruas da cidade, no Battery Park, ao sul de Manhattan, a fim de chamar a atenção para as mudanças climáticas e cobrar atitudes mais sérias das autoridades na linha do “nosso planeta não pode esperar”. Hoje, a sede das Nações Unidas terá a Youth Summit Climates, o encontro de cúpula da juventude, dedicado a tratar desse tema e propor soluções. É esse clima de “vamos preservar o planeta antes que ele acabe” que toma conta da cidade e que espera o presidente Bolsonaro na próxima terça-feira.

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Para completar, na véspera do discurso do presidente na ONU, a cúpula sobre mudanças climáticas não terá a participação do Brasil. Não que o país tenha sido vetado, conforme se especulou. O evento é para chefes de Estado e de governo. Se os chefes não vão, simplesmente, o país não fala. O governo brasileiro preferiu dar seu recado na abertura oficial da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia seguinte, quando se espera uma presença maciça de chefes de Estado e de governo. Porém, a ausência na cúpula do clima é vista no mundo externo como uma certa falta de prioridade ao tema.

Pega um, pega geral

A operação que envolveu o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), fez voltar os movimentos em prol da derrubada dos vetos à Lei de Abuso de Autoridade, na qual o Senado terá papel decisivo.

Casa complicada

Os senadores foram responsáveis, por exemplo, pelo freio nas mudanças que afrouxaram as regras de financiamento de campanha. E agora, o governo espera contar com a Casa para manutenção dos vetos presidenciais à Lei do Abuso. No entanto, dado o climão da semana, nada está garantido.

“Nossa casa está queimando”

A frase dita pelo presidente francês Emmanuel Macron e que provocou toda a crise entre ele o presidente Jair Bolsonaro foi repetida pela ativista Greta Thunberg, na manifestação em Nova York. Hoje, ela fala nas Nações Unidas.

Enquanto isso, nos bastidores…

A sensação entre diplomatas é de que o Brasil não tem quem o defenda em relação ao meio ambiente nas altas-rodas norte-americanas, como a ONU e importantes fundações nos Estados Unidos, capazes de mobilizar a opinião pública. Sem embaixador nem na ONU nem em Washington, está difícil.

Politics for future/ O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, apoiou a liberação dos alunos de escolas públicas para participar da greve global em favor do clima, a “Friday for future”, que levou milhões às ruas pelo mundo. Embora não esteja mais postulando a vaga de candidato a presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, ele continua na política.

Consulado reservado/ Qualquer jornalista que procure o Consulado do Brasil na ONU em busca de informações sobre a viagem do presidente Jair Bolsonaro, ou mesmo a participação na Conferência do Clima, é remetido imediatamente aos integrantes da equipe precursora. Ninguém quer avançar o sinal. No passado, não era assim.

Save the date/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (foto), começou a enviar os convites para a sessão em homenagem póstuma ao ex-deputado Sigmaringa Seixas e ao advogado José Gerardo Grossi, em 1 de outubro.