Ter uma vida sexual ativa pode adiar significativamente a entrada na menopausa. É o que mostra um estudo feito com 2.936 mulheres, acompanhadas durante 10 anos. Aquelas que praticavam atividades sexuais semanalmente apresentaram, em média, 28% menos chance de parar de menstruar em uma determinada idade do que as que tinham uma rotina sexual mais morna. Os pesquisadores consideraram as seguintes atividades: relações sexuais, sexo oral, carícias e autoestimulação.
Para a pesquisadora Megan Arnot, o resultado sinaliza que o corpo das mulheres com vida sexual menos frequente “encolhe”. “Se uma mulher tem poucas relações sexuais, ou pouco frequentes, quando se aproximar dos 40 anos, seu corpo não receberá os sinais físicos de uma eventual gravidez. Ele deixa de investir na ovulação, que passa a ser considerada inútil”, explica.
O fenômeno ajusta-se à chamada Hipótese da Avó, que busca dar uma explicação evolutiva à menopausa. “Essa hipótese prevê que a menopausa originalmente evoluiu em humanos para reduzir o conflito reprodutivo entre diferentes gerações de mulheres e permitir que as mulheres aumentem sua aptidão inclusiva através do investimento em seus netos”, detalha Megan Arnot, da University College London.
Pesquisas anteriores mostraram que mulheres casadas chegam à menopausa mais tarde do que solteiras e divorciadas. Nesse caso, os cientistas relacionaram o fenômeno à influência dos feromônios masculinos, substâncias naturais que atraem o sexo oposto. Para tentar avaliar essa explicação e a Hipótese da Avó, Megan Arnot e Ruth Mace decidiram analisar a rotina sexual de voluntárias ao longo de 10 anos.
52 anos
No início da pesquisa, as mulheres tinham, em média, 45 anos e dois filhos. A maioria morava com um companheiro (68%), tinha um relacionamento (78%) e um padrão de atividade sexual semanal (64%). Todas menstruavam, mas 46% haviam começado a sentir sintomas da menopausa, como alterações no ciclo menstrual e ondas de calor, e 54% estavam na pré-menopausa (sem sintomas). Completados os 10 anos de estudo, 45% haviam entrado na menopausa naturalmente — com, em média, 52 anos.
Ao avaliar a relação entre a frequência sexual e a idade da menopausa, as pesquisadoras concluíram que as mulheres que praticavam atividades sexuais ao menos semanalmente tinham chance 28% menor de entrar na menopausa em determinada idade. No caso das que tinham práticas mensais, a chance caiu para 19%.
A equipe também testou se a convivência com um parceiro afetava a chegada da menopausa, o que conciliaria com a hipótese da influência dos feromônios. As cientistas não detectaram correlação significativa, o que fortalece a Hipótese da Avó. Como todas as relações declaradas eram heterossexuais, não se sabe se em casais lésbicos o efeito seria o mesmo. Os resultados da pesquisa foram divulgados, nesta semana, na revista Royal Society Open Science.