Manter a pressão arterial sob controle é cuidado básico entre os hipertensos. E vale para qualquer hora do dia. Pesquisadores americanos, porém, ressaltam a importância de evitar o aumento da pressão durante a noite como forma de proteger o cérebro. Segundo eles, os picos de pressão nesse período estão ligados ao aumento de danos cerebrais de quem está entrando na terceira idade. E essas alterações podem desencadear, principalmente, problemas de memória.
Geralmente, a pressão sanguínea diminui durante a noite, um fenômeno chamado inversão. Em algumas pessoas, no entanto, especialmente as hipertensas, a pressão noturna pode se manter ou aumentar, quando ocorre a inversão reversa. A equipe da Universidade Columbia, em Nova York, identificou que esse aumento da pressão está relacionado a lesões cerebrais com tamanho até 100% maior do que os de lesões em pessoas não hipertensas.
O estudo envolveu 435 voluntários com em média 59 anos. Eles tiveram a pressão arterial monitorada durante 24 horas, em casa. O dispositivo usado fazia as mensurações a cada 15 minutos durante o dia e a cada 30 minutos à noite. Os participantes também foram submetidos a exames de imagem cerebral, a testes de memória e de outras habilidades de pensamento.
A maioria dos voluntários, 59%, tinha hipertensão. Em 50% dos participantes, a pressão arterial caiu à noite, em 40%, se manteve, e em 10%, subiu. Os pesquisadores detectaram que, entre as pessoas que tiveram o mergulho reverso, as hipertensas sofreram os maiores danos cerebrais. Os exames de imagem mostraram que elas tinham, em média, 6 centímetros cúbicos de alterações no cérebro. Os outros participantes tinham 2,5 centímetros cúbicos ou menos.
Fortes evidências
Os hipertensos que sofreram picos de pressão durante a noite também apresentaram maior probabilidade de ter pontuações mais baixas no teste de memória. A pontuação média foi de 33, contra 44 entre os demais voluntários. “Esses resultados aumentam evidências crescentes que mostram a importância dos fatores de risco vasculares na contribuição para problemas de memória”, enfatiza Adam M. Brickman, pesquisador da universidade norte-americana.
Os autores ponderam que o estudo analisou as pessoas durante um período curto de tempo e incluiu apenas adultos de meia-idade e idosos. Dessa forma, os resultados podem não se aplicar a pessoas de outras faixas etárias. Apesar disso, eles destacam que os resultados são “consistentes” com a hipótese de que há uma relação entre pressão alta durante a noite e maior dano cerebral. “Parece que a imersão reversa pode amplificar os efeitos da pressão alta na saúde cerebrovascular das pessoas e nas habilidades cognitivas associadas”, destaca Adam M. Brickman. A pesquisa foi divulgada hoje, na revista Neurology.