Ficar viúvo ou se separar pode fazer mal à saúde psicológica de idosos. Pesquisadores estadunidenses têm uma dica curiosa para evitar que a perda culmine, por exemplo, em depressão. Basta arrumar um bichinho. Ao analisar voluntários que passaram por uma dessas experiências, os cientistas constataram que os pets amenizam as dores e o sentimento de solidão.
“Muitas vezes, o relacionamento que temos com nosso cônjuge é o mais íntimo, onde nosso senso de identidade está realmente incorporado. Então, perder esse senso de propósito e significado pode ser realmente devastador. Um animal de estimação pode ajudar a compensar alguns desses sentimentos”, diz Dawn Carr, pesquisador da Universidade Estadual da Flórida e líder do estudo, divulgado, neste mês, na revista científica The Gerontologist.
Segundo Dawn Carr, não há dúvidas sobre a importância das redes de apoio em casos de separação e viuvez. Ele e a equipe de pesquisadores decidiram investigar opções alternativas às relações humanas. Para isso, inicialmente, compararam idosos que sofreram a perda de um cônjuge com idosos casados. Depois, investigaram se os efeitos da perda conjugal diferiam entre os que eram tutores de cães e gatos e os que não usufruíam da companhia dos bichinhos.
A análise mostrou que todos os que se separaram ou ficaram viúvos experimentaram níveis mais altos de depressão. No entanto, aqueles que não tinham a companhia de um pet vivenciaram aumentos mais significativos de sintomas depressivos e solidão.
A longo prazo
Virar tutor de um cachorro ou de um gato também surte benefícios a longo prazo. Isso porque, se exagerado, o sofrimento em decorrência da perda de uma pessoa próxima pode comprometer a saúde de forma crítica, alerta Dawn Carr. “A solidão persistente está associada a maiores incidentes de mortalidade e ao início mais rápido da incapacidade, o que significa que é especialmente ruim para saúde.”
O estudo com os idosos não tinha a intenção de estabelecer uma relação de causa e efeito entre ter um pet e lidar melhor com a viuvez ou a separação. Ainda assim, como constataram ligação entre os dois fenômenos, os cientistas defendem que esse tema continue sendo investigado.
Uma das hipóteses levantadas pela equipe é de que o idoso se sente útil quando tem a companhia de um pet. “Faz sentido ele pensar: ‘Bem, pelo menos esse animal de estimação ainda precisa de mim. Eu posso cuidar dele. Eu posso amá-lo e ele me aprecia’. Essa capacidade de retribuir e dar amor é realmente muito poderosa”, explica Dawn Carr.