Remédio para baixar o colesterol pode causar diabetes

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Foto: Soe Than WIN/AFP

Estar com os níveis de colesterol acima do indicado é muito comum na meia-idade e na velhice. Na maioria dos casos, os médicos receitam estatina para melhorar a condição dos pacientes. O remédio, porém, pode levar a outra complicação de saúde delicada: o diabetes tipo 2. Ao analisar dados de 4.683 homens e mulheres com, em média, 46 anos, pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, concluíram que tomar estatina pode ao menos dobrar o risco de surgimento da doença metabólica.

No caso dos participantes que tomaram estatina por mais de dois anos, o risco de ficar diabético foi três vezes maior. A doença crônica é uma das mais incidentes na meia-idade e na velhice e pode levar a cegueira, derrame e lesões renais.

Para a líder da pesquisa, Victoria Zigmont, os resultados levam a equipe a acreditar que haja uma relação de causa e efeito entre os fatores avaliados. Ou seja, a ingestão da estatina pode levar ao diabetes.“O fato do aumento da duração do uso de estatina ser associado a um aumento do risco de diabetes nos faz pensar que essa é provavelmente uma relação causal”, frisa.

A cientista ressalta que, pelos resultados, não se deve interromper o tratamento com estatina. Victoria Zigmont frisa que o medicamento também é muito eficiente para prevenir ataques cardíacos e derrames. “Eu nunca recomendaria que as pessoas parassem de tomar a estatina com base nesse estudo. Mas acho que deveriam ser abertas novas discussões sobre a prevenção de diabetes, além de haver uma melhor conscientização de médicos e pacientes sobre essa questão”, justifica.

Acompanhamento

Uma das sugestões feitas pelos cientistas é que idosos e adultos mais velhos medicados com estatina sejam acompanhados por especialistas. Dessa forma, podem ser detectadas com agilidade mudanças no metabolismo da glicose. Victoria Zigmont também defende que esses pacientes sejam bem orientados com relação à dieta e à prática de exercícios físicos. “Programas que ajudam os pacientes a melhorar a forma física e a dieta devem ser discutidos quando os médicos prescrevem estatinas. Assim, os pacientes podem ser proativos quanto à prevenção do diabetes”, explica.

Segundo a Federação Internacional de Diabetes, o Brasil é a quarta nação com o maior número de diabéticos no mundo: 13 milhões de pessoas. Desses pacientes, grande parte está na terceira idade. Números mais recentes do Ministério da Saúde mostram que, no país, quase um terço das pessoas com diabetes têm mais de 65 anos. O estudo americano foi divulgado na edição de hoje da revista científica Diabetes Metabolism Research and Reviews.