Aos 116 anos, Kane Tanaka tem como um dos passatempos preferidos o reversi. É um jogo de tabuleiro de regras simples, mas que exige raciocínio lógico e atenção dos participantes. A japonesa considerada a pessoa mais velha do mundo pratica o hobby com funcionários e moradores da casa de repouso onde vive, em Fukuoka, no oeste do Japão. Apesar da variedade de adversários, conta estar acostumada a ganhar as partidas.
Também é hábito de Kane Tanaka acordar às 6h e, à tarde, estudar matemática e praticar caligrafia. O chocolate parece ser mais uma paixão da idosa. No último sábado, ao ser anunciada oficialmente como a pessoa mais velha do mundo, ela ganhou um caixa do doce e o comeu antes mesmo de acabar a cerimônia. Quando perguntada sobre o melhor momento da vida, também não titubeou. “Agora”, respondeu aos participantes da festa, organizada pelo Guinness.
Os efeitos dos jogos de tabuleiro sobre a saúde cognitiva dos idosos dividem especialistas. Recentes estudos observacionais, que não têm o objetivo de estabelecer uma ligação de causa e efeito, não detectaram correlações significativas entre os dois fatores. Há, porém, uma corrente forte de pesquisadores que ressalta a importância de manter uma reserva cognitiva para ajudar o cérebro a lidar com danos comuns ao envelhecimento e, dessa forma, conseguir fazer compensações.
Mente ocupada
Um estudo conduzido por Yaakov Stern, professor de neuropsicologia e chefe da Divisão de Neurociências Cognitivas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mostra que manter a mente ocupada reduz em 2,25 vezes a possibilidade de desenvolvimento do Alzheimer. Para o cientista, porém, essas atividades não devem ser feitas de forma forçada e repetitiva, com o intuito apenas de proteger o cérebro. O indicado é que a pessoa se dedique a algo de que realmente goste. Como faz Kane Tanaka.
Morto em janeiro, aos 113 anos, Masazo Nonaka, considerado então o homem mais velho do mundo, também parece ter seguido a regra. Segundo sua neta Yuko Nonaka, ele gostava de comer sobremesa, ver televisão, ler jornais e mergulhar nas águas termais. Mesmo usando uma cadeira de rodas, seguiu ajudando a dirigir uma pousada em Ashoro, no norte do Japão. O último mergulho foi feito menos de uma semana antes de ele falecer.