A língua é um conjunto de possibilidades. Flexível, a danada detesta monotonia. Oferece vários jeitos de dizer a mesma coisa.
Veja:
O aluno estudioso tira boas notas.
O aluno que estuda tira boas notas.
As frases dizem que há alunos e alunos. Não é qualquer um que tira boas notas. Só chega lá quem se debruça sobre os livros. Numa, o termo restritivo é adjetivo (estudioso). Noutra, oração adjetiva (que estuda). O tratamento mantém-se. Nada de vírgula.
Com as explicativas ocorre o mesmo:
O homem, mortal, tem alma imortal.
O homem, que é mortal, tem alma imortal.
Virtudes
Lembra-se do recado de Montaigne? “O estilo”, diz ele, deve ter três virtudes: clareza, clareza, clareza.” Saber identificar o termo explicativo e restritivo não constitui só problema de correção. Muitas vezes afeta a clareza.
Pegadinha
Esta cilada caiu no vestibular:
Os cinco filhos de José que chegaram do Rio estão no Recife.
A questão: quantos filhos tem José?
( ) Tem cinco. ( ) Tem mais de cinco.
E agora? Quem responde é a oração. Restritiva ou explicativa? Sem vírgulas, é restritiva. Então José tem mais de cinco filhos. Se fossem só cinco, “que chegaram do Rio” estaria cercadinha de vírgulas.