Existem verbos que se apresentam em dose dupla. Abundantes, têm duas formas no particípio. Uma delas, a regular, é comum. Termina em -ado (matado) e -ido (extinguido). A outra, irregular, é menos vulgar. A danadinha é magra e reduzida (morto, extinto).
Na língua, há muitos verbos com duplo particípio. Eis alguns: aceitar (aceitado, aceito), entregar (entregado, entregue), expressar (expressado, expresso), expulsar (expulsado, expulso), matar (matado, morto), salvar (salvado, salvo), soltar (soltado, solto).
Há mais: acender (acendido, aceso), benzer (benzido, bento), eleger (elegido, eleito), prender (prendido, preso), romper (rompido, roto), suspender (suspendido, suspenso), concluir (concluído, concluso), omitir (omitido, omisso), submergir (submergido, submerso).
Emprego
Quando usar um ou outro? Depende do auxiliar. O ter e haver formam os tempos compostos. Exigem o particípio regular (o terminado em -ado ou -ido). O ser e estar são louquinhos pelo irregular. Sempre que ele aparece, eles ficam com ele:
O governo havia (tinha) expulsado os invasores. Os invasores foram expulsos. Os invasores estão expulsos.
Quando ele chegou eu tinha (havia) acendido a luz. A luz foi acesa. A luz está acesa.
A polícia havia (tinha) matado o traficante. O traficante foi morto. O traficante está morto.
O diretor tinha (havia) omitido o caso. O diretor foi omisso no caso. O diretor está omisso no caso.
Provocação
Quatro verbos abundantes quebram a cabeça da moçada. Um deles e ganhar. O outro, gastar. Os últimos, pagar e pegar. Eles têm dois particípios: ganhado, ganho; gastado, gasto; pagado, pago; pegado, pego. Mas o emprego é especial. Modernamente, a forma irregular tomou a vez do regular: Ele tinha (havia) pago, ganho, gasto, pego. Ele foi (está) pago, ganho, gasto, pego.
Não gosta? Sem problema. Você pode seguir a regra dos demais verbos abundantes: particípio regular com ter e haver; particípio irregular com ser e estar. Escolha.