O travessão (—) é pra lá de versátil. Como Bom Bril, tem mil e uma utilidades:
- Introduz diálogos:
Imagino Irene entrando no céu
— Licença, meu Branco?
E São Pedro, bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
- Separa as datas de nascimento e morte de uma pessoa: Recife, 1908 – Brasília, 1962.
- Destaca um termo opaco, escondido. Dá realce ao sem-graça: O ministro conseguiu – até – a adesão dos adversários.
- Substitui os dois pontos (ao introduzir uma explicação) ou a vírgula: Eis o grande vencedor – o filme que faturou 300 milhões de dólares. (Eis o grande vencedor: o filme que faturou 300 milhões de dólares.)
O partido não aceita ser mulher de malandro – apanhar na Câmara e no Senado. (O partido não aceita ser mulher de malandro: apanhar na Câmara e no Senado.)
- O Estado do Rio – o mais afetado pela violência– precisa de ajuda. (O Estado do Rio, o mais afetado pela violência, precisa de ajuda.)
Usa-se travessão com vírgula? Só num caso. Se o segundo travessão coincidir com a vírgula: Depois da vitória de Maria – com mais de 50% dos votos –, o padrinho sentiu-se forte como Tarzã.
Viu? Sem o travessão, só haveria a vírgula final: Depois da vitória de Maria com mais de 50% dos votos, o padrinho sentiu-se forte como Tarzã.