Temer: candidato presidente ou presidente candidato?

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Michel Temer é presidente do Brasil. Vai disputar a reeleição? Não vai? Uma dica aqui, uma insinuação ali, um palpite acolá punham fogo na fogueira. Outros louquinhos pelo poder se lançam todos os dias à corrida pelo Palácio do Planalto.

E Temer? Sua Excelência abriu o jogo em entrevista à revista IstoÉ. “Estou na disputa”, disse ele. Pintou, então, a questão. Temer é presidente candidato ou candidato presidente? Parece jogo de palavras. Mas não é. Questão semelhante quebrou a cabeça dos brasileiros no século passado. Em Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis escreveu: “Não sou um autor defunto, mas um defunto autor”.

Ao afirmar “não sou um autor defunto”, Machado se disse diferente dos demais escritores. Camões, José de Alencar, Clarice Lispector, Nélson Rodrigues escreveram em vida. Morreram depois de publicar os livros. São autores defuntos. Brás Cubas fez uma mágica. Escreveu as memórias depois de morto. Foi defunto que virou autor. E Temer? É presidente candidato. Em outras palavras: presidente que se tornou candidato.