O presidente falava do churrasco que faria no domingo. Sorridente, voz brincalhona, informou que “vai ter vaquinha de R$ 70. Não terá bebida alcoólica, senão a primeira-dama coloca todo mundo pra correr”. O jornal escreveu a fala. Grafou se não em vez de senão. Leitores ficaram em dúvida. Junto ou separado?
O som é o mesmo. Mas a grafia varia. Ora aparece em uma só palavra. Ora, em duas. Escolher entre uma e outra é baita dor de cabeça. Basta um cochilo pra que as bolas sejam trocadas. Estudantes, advogados, jornalistas, todos vacilam. Que tal jogar luz sobre o assunto? Dominado, fica uma certeza: o tema não é tão difícil quanto parece. Vamos lá?
Se não
Use o separadinho quando:
a. puder substituí-lo por caso não: Se não chover (caso não), vamos viajar de carro. Levará falta se não (caso não) for à aula. A declaração deve dizer tudo. Se não (caso não), precisa ser revista.
b. equivaler a quando não: Pareciam amigos, se não (quando não) bons companheiros. O desafio é, se não (quando não) de solução impossível, pelo menos muito difícil. Se lhe convém, leva o trabalho a sério; se não (quando não), leva-o na brincadeira. A empresa vai demitir quatro empregados, se não (quando não) cinco.
c. for conjunção integrante. Aí, é moleza. Ninguém erra: O pai quer saber se não é melhor o filho estudar de manhã. O governador perguntou se não era possível adiar a flexibilização da economia. Ele se questionou se não era preferível ficar em casa no Dia das Mães.
Senão
Use o coladinho nos demais casos: Nada lhe restava senão (a não ser) a aposentadoria. O deputado não é senão (mais do que) um representante do povo. Isto não compete à Câmara, senão (mas) ao governador. Não há beleza sem senão (defeito). Não terá bebida alcoólica, senão a primeira-dama coloca todo mundo pra correr (do contrário, de outra forma, aliás).
Resumo da ópera
O senão rouba pontos, promoções e prestígio. Olho vivo! Entenda as manhas do danadinho. Se não, você engordará as estatísticas de vítimas. Valha-nos, Deus!