Porque, por que, porquê, por quê: quando usar?

Publicado em português

 

O quarteto já frequentou o blog. Mas, volta e meia, leitores se enrascam no emprego deste ou daquele jeito. Com razão. O porquê dá nó nos miolos. Ora aparece junto. Ora separado. Ora com acento. Ora sem o chapeuzinho. Não há quem não hesite na hora de escrever uma forma ou outra. Muitos chutam. Mas, como a língua não é loteria, o que pode dar errado dá. Melhor aprender as manhas da caprichosa criatura. Use:

Por que

  1. nas perguntas diretas: Por que as empresas têm de escrever como manda o dicionário?
  2. nos enunciados em que é substituível por “a razão pela qual“: Sei por que (a razão pela qual) as empresas têm de escrever como manda o dicionário.

Por quê

A dupla com chapéu só tem vez quando o quezinho for a última — a última mesmo — palavra da frase. Por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: As empresas devem escrever a norma culta por quê? As empresas têm de escrever a norma culta, mas nem todos sabem por quê.

 Porque

Com essa cara, juntinho, sem lenço nem documento, porque é conjunção causal ou explicativa: As empresas escrevem certo porque precisam manter a credibilidade.

Porquê

Assim, coladinho e com chapéu, o porquê se torna substantivo. E, como substantivo, tem plural. Para mudar de classe, precisa da companhia do artigo ou de pronome: Explicou o porquê da necessidade de escrever sem erros. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Esse porquê se inspira em outro porquê.

Resumo da ópera

Não há por que temer os porquês. Quem entendeu a lição sabe por quê.