Ponha-se na rua

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Em 1808, a família real chegou ao Brasil. Com ela, veio a corte portuguesa. Onde abrigar tanta gente? O jeito foi desalojar os moradores das casas mais ajeitadas. A forma era simples. Colava-se na porta da residência eleita um papel com a inscrição PR. As duas letrinhas queriam dizer príncipe regente. Os cariocas, gozadores desde então, davam-lhe outra leitura: ponha-se na rua.

Os tempos mudaram. Recados ganharam nova linguagem. No serviço público, o bom humor virou sisudez. Entrou em cartaz o tal demissível ad nutum. Em latim, ad quer dizer conforme, segundo, de acordo com. Nutum, sinal ou aceno de cabeça. Traduzindo: a um movimento de cabeça do poderoso, rua! A insegurança do funcionário não estável foi fértil. Dela nasceu o decálogo do puxa-saquismo. Primeiro mandamento: o chefe tem sempre razão. Informem ao Lupi, por favor!