Parlamentar adora falar. Sente prazer em ouvir a própria voz. Não raro abusa. Apela para redundâncias. E desperdiça. Vale a questão: é sempre errado recorrer a pleonasmo ou há alguma situação em que essa figura de linguagem é bem-vinda? A palavra pleonasmo vem do grego. Na língua de Platão e Aristóteles, quer dizer superabundância. Em bom português: repetição de uma ideia com palavras diferentes.
Há pleonasmos e pleonasmos. Alguns não dão nenhuma expressividade à frase. Aí, deixam de ser figuras de linguagem e passam a ser vício. É o caso de comer com a boca, subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, jantar à noite, elo de ligação, ver com os olhos.
Outros acrescentam graça e força à frase. São bem-vindos: Ele sabe pescar peixe, mas não sabe pescar homens. Ver com meus olhos não é o mesmo que ver com os dedos. Esse ouro, posto que naturalmente desce pra baixo, havia de subir pra cima.