Pistas para o Enem 4

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Feito o planejamento, é hora de escrever. O texto deve ter começo, meio e fim. Três palavrinhas definem cada uma. É diga-diga-diga. Na introdução, diga o que você vai dizer. No desenvolvimento, diga o que você prometeu dizer. Na conclusão, diga o que você disse. Encerre a redação com charme.

Pista 4

Eis o planejamento feito no post de quarta-feira:

Tema: Brasília Delimitação: A mobilidade em Brasília Objetivo: convocar a comunidade para pressionar o governo a fim de melhorar a mobilidade. Ideias do desenvolvimento: traçado da cidade dificulta a vida do pedestre, faltam calçadas, sombra, praças, bancos, transporte público, a população deve exigir mudança.

Exemplo

Leia o texto. Mas leia-o ativamente. Primeiro faça a leitura panorâmica. Percorra-o do começo ao fim. Assim, você tem ideia do conteúdo. Depois, faça a leitura analítica. Identifique a introdução, o desenvolvimento, a conclusão. Por fim, teste o diga-diga-diga.

Para inglês ver Dad Squarisi

Esta não é uma cidade do tamanho do homem.” Do segundo andar da torre de televisão, o professor alemão olhava a imensidão à frente. Era o ano de 1969. Um casal tentava atravessar a rua. Com sacolas e dois filhos pequenos, buscava uma brecha entre os carros. Mas, sem sinalização, as pistas largas pareciam aumentar o percurso de um lado para o outro. A espera prometia ser longa. Sem tirar os olhos da família, o visitante explicou:

As pessoas são acidente no projeto de Brasília. A cidade não foi feita para elas. Veja lá a pequenez das criaturas diante da grandiosidade dos monumentos, dos prédios, das ruas. Nada as socorre. Sem carro, viram reféns do asfalto. Andar a pé? É impossível, difícil ou perigoso. As distâncias são grandes e nada facilita a tarefa de ir e vir.

Faltam calçadas, faltam bebedouros, faltam banheiros públicos. Falta sombra. Falta transporte coletivo. Imagine o sacrifício que o deslocar-se representa para aquela família. Ou para os idosos. Ou para as pessoas com dificuldade de locomoção. Não há praças nem bancos onde o caminhante possa sentar-se e descansar.

Hoje, passados 46 anos, se o mestre alemão voltasse a Brasília, veria cenário diferente? Na chegada, o aeroporto responderia que não. Recém-inaugurado, obriga o passageiro a andar quilômetros até chegar ao portão de embarque. Cadê esteiras? Cadê trens? Cadê carrinhos que levam e trazem viajantes?

A cidade continua alheia às dimensões humanas. Comparada com Rio, Nova York ou Buenos Aires, a diferença fala alto. As urbes convidam para a rua. Adultos e crianças circulam por praças, se deslocam de metrô, ônibus ou bicicletas, encontram praças bem cuidadas com sombra, bancos e grama que convida para o cochilo ou brincadeiras da meninada.  

   Brasília exibe arquitetura e urbanismo espetaculares. O turista diz oh!, mas não volta. Nós, que moramos aqui, queremos mais que o museu ao ar livre. Queremos uma cidade do nosso tamanho. Em 55 anos, o governo, sozinho, não deu conta do desafio. Que tal uma ajuda? A sociedade manda. Quer calçadas, praças, bancos, ônibus e metrôs pontuais e confortáveis. O governo obedece. Ou cai fora. As eleições vêm aí.