O assunto não tem a ver com pandemia, brigas políticas ou dinheiro em cueca. Ufa! Trata-se de jeitinhos de dizer. Há palavras e expressões com poder estimulante. Elas motivam, empurram pra frente. Há, também, as desanimadoras, que apostam na estagnação e no fracasso. Ambas condicionam o cérebro e influenciam as ações. Que tal prestar atenção a elas?
Ainda
Ainda é pra lá de bem-vinda. A trissílaba abre possibilidades. É positiva. Compare:
Não tenho casa própria.
Não tenho casa própria ainda.
Viu? O advérbio dá um recado claro. Não tenho hoje. Mas vou ter. É questão de tempo.
Cuidado. Usado em contexto negativo, o ainda pode causar estragos. É o caso desta frase: Minha casa ainda não foi assaltada. Cruz-credo! Xô!
Tentar x experimentar
Compare as duas respostas dadas para a mesma pergunta:
— Você vai entregar o trabalho amanhã?
A primeira: — Vou.
A segunda: — Vou tentar.
A primeira transmite firmeza. Não deixa dúvidas. O trabalho mudará de mãos amanhã. A segunda funciona como balde de água fria. Dá este recado: é possível tentar, mas muito difícil de conseguir. “Quem tenta não faz”, dizem os psicólogos sem medo de errar.
Experimentar joga em outro time. Inclui ação, curiosidade: Não sei jogar, mas vou experimentar.
É difícil x é desafiante
Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! É difícil bloqueia, paralisa, rouba a energia necessária à ação. Que tal trocá-la? É desafiante ou é um desafio fazem bonito. Abrem possibilidades de sucesso.
Queria x quero
Muitos consideram o queria menos autoritários que quero. Talvez tenham razão. Mas, com eles, o falante fica distante do objetivo. Melhor ser assertivo. Use o presente: quero.
Compare as respostas:
— Você quer um sorvete com calda de chocolate?
— Queria.
— Quero.
Reparou? Enquanto o primeiro se perde na hesitação, o segundo saboreia a delícia.
Mas
Os linguistas estudam o discurso sim…mas. Vale o que vem depois do mas. A conjunção suaviza o que foi dito e enfatiza o que vem depois: Maria estuda muito, mas tira notas baixas.
Reparou na malandragem? A frase elogia, mas, em seguida, desqualifica. Que tal ser generoso? Basta mudar a ordem: Maria tira notas baixas, mas estuda muito.
Não
O cérebro surpreende. A gente diz certa palavra, ele registra outra. É o caso do não. Testes provam que o monossílabo é ignorado quando acompanhado de uma imagem. A gente diz “não pense no cachorro”. A primeira coisa que se visualiza é… o cachorro. A filha repete: “Não quero gritar igual à minha mãe!” Pinta um flash da mãe gritando. A imagem fica reforçada. É provável que ela venha a gritar tanto quanto a mãe.
O não nunca tem vez? Claro que tem. Use-o em negativas simples: Não vou. Não quero. Não posso. Aí, o cérebro o registra a negativa.
Moral da história
Falemos palavras positivas, que tragam realização, que levem ao sucesso. Você pode tudo o que realmente quiser. A língua ajuda.