Filho bonito tem muitos pais. Niemeyer confirmou a regra. Rio e Brasília disputaram o privilégio de abrigar o corpo do mestre. Dilma ofereceu o Palácio do Planalto para o velório. Como recusar? Melhor adotar solução salomônica. A cerimônia começaria na capital e terminaria na Cidade Maravilhosa. Providências se impuseram. A mais importante: embalsamar o corpo. Enquanto se discutiam os procedimentos, pintou uma dúvida. Qual o substantivo […]
A torcida era grande. Todos queriam comemorar os 105 anos do arquiteto-escultor. Seria em 15 de dezembro. Não deu. Os jornais lamentaram o fato. Ao anunciar a partida do gênio das curvas, alguns escreveram “há 10 dias do aniversário, Oscar Niemeyer partiu”. Bobearam. Na contagem de tempo, o verbo haver só tem vez na indicação de passado: Oscar esteve em Brasília há quatro anos. Há […]
Niemeyer tinha uma marca. Projetava obras esculturais. Palácios, praças, torres se tornaram objeto de admiração. Cada uma é um cartão-postal. O plural? Cartões-postais.
“Os brasilienses se despedirão de Oscar Niemeyer em uma das obras primas do artista: o Palácio do Planalto”, escrevemos na pág. 3. Reparou no descuido? Esquecemos o hífen. A dupla obras-primas se grafa assim — com o tracinho.
“Surpresa é a característica da obra de arte.” “Amo a vida, e a vida me ama. Somos um casal inseparável.” “A gente tem de sonhar, senão as coisas não acontecem.” “A vida é um sopro.” “Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito.” “A burrice ativa é fantástica. Muda tudo.”
Oscar lia, lia muito. Amava a literatura. Escrevia com graça e beleza. Deixou prosa e poesia. “Poema da curva” serve de aperitivo. É de fevereiro de 1988: Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso […]
Leitor pergunta Recentemente li dois bons livros de crônicas do gaúcho Caio Fernando Abreu, falecido em 1996. Apesar de ter gostado do teor de grande parte dos textos, chamou a minha atenção a palavra “vezenquando”, utilizada por ele. Indago se, de fato, esse vocábulo existe na língua portuguesa. Jorge de Albuquerque e Melo, Brasília Artista, Jorge, tem licença poética. Para quem quer criar, a língua […]
“Sem a renovação dos contratos, a Cesp perde automaticamente a concessão da usina de Três Irmãos, vencida ainda no ano passado”, escrevemos na pág. 13. Reparou? O ainda sobra. Se é questão de ênfase, a escolha foi inadequada. Melhor: … vencida no ano passado. …vencida desde o ano passado.