“No fim de abril, houve reunião no Consulado do Brasil com a presença do embaixador brasileiro para tentar adquirir apoio oficial do presidente da República peruana”, escrevemos na pág. 21. Adquirir apoio? Apoio não se adquire. Melhor buscar vocábulo mais adequado. Que tal conseguir?
JAIME PINSKY Historiador, professor titular da Unicamp, diretor da Editora Contexto, autor de Por que gostamos de história, entre outros livros Do Senado, duas notícias, uma boa e outra má. A boa: parece que temos senadores preocupados com o ensino de português. A má: querem alterar outra vez nossa ortografia, agora radicalmente, com a esperança de que, com isso, alunos possam obter melhores […]
Mãe & cia. A palavra mãe formou senhora família na língua. Dois membros são pra lá de conhecidos. Um deles: madrinha. Na origem, a trissílaba é diminutivo. Quer dizer mãezinha. Ela é a substituta da mãezona. O outro: madrasta. Quando nasceu, o vocábulo dava nome à relação da nova mulher do paizão com os filhos da outra. Talvez por influência dos contos de fadas, o […]
“Fui a tudo quanto é canto nesse país e ainda vou a mais”, escrevemos na pág. 4. Trata-se do país em que ela está, não? O este pede passagem: Fui a tudo quanto é canto neste país e ainda vou a mais.
Ocorre crase em “O bom filho a casa torna”? (Rafael Noronha) Ops! A questão retoma lição pra lá de repetida. A casa onde moramos dispensa o artigo. Dizemos “estou em casa”, “saí de casa”, “entrega em casa”. Sem o pequenino, nada de crase. Mas, se a palavra estiver determinada (casa dos avós, casa de Maria), o conto muda de enredo. A casa pede artigo. Com ele, […]
O Brasil abriu as fronteiras para os haitianos expulsos pela pobreza. Dá-lhes abrigo, comida e autorização para trabalhar. A movimentação dos novos moradores vira notícia. Fala-se em emigração e imigração. Olho vivo. Uma letra faz a diferença. O ato de sair do país é emigrar. O de entrar, imigrar: Ao emigrar, Jean chorou muito. Deixava pra trás a família, os amigos, a história. Como imigrante, […]
“Marcha à ré na lei dos caminhoneiros é a reação de um Brasil que repele a modernidade econômica”, escrevemos na pág. 9. Viu? Deperdiçamos um acento. Marcha a ré se escreve assim — sem crase e sem hífen.
O Brasil enlouqueceu? Não. Mas há comportamentos muito doidos. Valem dois exemplos. Um vem de Recife. No Estádio Arruda, vaso sanitário voa e mata torcedor que tira foto da torcida. O outro, do Guarujá: justiceiros lincham dona de casa. Por quê? Confundem-na com retrato falado de sequestradora de crianças. Simples assim. Além de indignação e protestos, os crimes suscitaram dúvidas. Uma sobre grafia. Voa tem […]
“O acesso ao Park Way, Lago Sul, Candangolândia e Núcleo Bandeirante ganha pistas exclusivas”, escrevemos na pág. 21. Esquisito, não? Misturamos artigos femininos e masculinos num saco só. Melhor separar alhos de bugalhos. Que tal assim? O acesso à Saída Sul — Park Way, Lago Sul, Candangolândia e Núcleo Bandeirante — ganha pistas exclusivas.
(Colaboração de Roldão Simas Filho)