De carnaval, nasce carnavalesco. De gigante, gigantesco. De Dante, dantesco. De Quixote, quixotesco. Reparou? O sufixo -esco forma adjetivos de substantivos. E dá um recado. Quer dizer semelhança, referência. Carnavalesco refere-se a carnaval. Quixotesco assemelha-se a D. Quixote, o cavaleiro da triste figura. Dantesco, a Dante. E por aí vai. Às vezes, o -esco muda de aparência. Vira -isco. Mas mantém o significado. É o […]
Nos dias de folia, o cetro e a coroa mudam de mãos. O gordo e alegre Rei Momo comanda os festejos carnavalescos. Como rei, tem majestade. E faz uma exigência. Majestade e todos os filhotes dela derivados escrevem-se com j. É o caso de majestoso e majestático. Acredite: manda quem pode. Obedece quem tem juízo.
No Rio, era o maior rolo. Ninguém sabia onde as escolas iriam desfilar. Todos os anos a novela se repetia. Em 1994, o governador do estado tomou uma decisão. Chamou Oscar Niemeyer: ‘‘Vamos construir um local definitivo para as escolas se apresentarem’’. Dito e feito. Aí, pintou o problema. Que nome dar à novidade? Pensa daqui, palpita dali, Darcy Ribeiro pôs um ponto final no […]
No começo não havia samba-enredo. Valia o samba mais cantado nos ensaios de quadra. Em 1932, o jornal Mundo Esportivo, dirigido por Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues, organizou o primeiro torneio de escolas de samba. A Mangueira venceu. No ano seguinte, O Globo assumiu a festa, e a Mangueira levantou o bicampeonato. Mas o destaque foi o samba da Unidos da Tijuca, coerente com […]
Há o samba da gema e variações pra dar e vender. Samba-canção, samba-choro, samba-enredo, samba-exaltação, samba-lenço, samba-roda são algumas. Todas têm um denominador comum. Aceitam dois plurais. Um: flexionam-se os dois termos (sambas-canções, sambas-choros, sambas-enredos, sambas-exaltações, sambas-lenços, sambas-rodas). O outro: só o primeiro ganha s. Aí, subentende-se a expressão ‘que servem de’: sambas-(que servem de) canção, sambas-(que servem de) choro, sambas-(que servem de) enredo, sambas-(que […]
É carnaval. Abram alas, que o samba quer passar. E passa. Na alegre Pindorama, começou com Donga. Pelo telefone abriu o caminho. Cartola, Pixinguinha, Monsueto de Menezes, Noel Rosa, Clementina de Jesus seguiram-no. Hoje existe uma certeza: ‘‘Quem não gosta de samba / Bom sujeito não é / É ruim da cabeça / Ou doente do pé’’. E uma dúvida. Onde a palavra nasceu? Há […]
“Paz, carnaval, futebol não matam, não engordam e não fazem mal.”
O pronome átono “o” às vezes ganha outras caras. Ora vira no, ora se transforma em lo. Alguns se confundem. Pensam tratar-se de coisa nova. Enganam-se. É o mesmo ozinho dos tempos em que os bichos falavam. Tão antigo quanto dormir de touca ou escrever farmácia com ph. Ele muda de cara por bondade. Com a letrinha a mais, a pronúncia fica mais fácil. O […]
No século 13, quando a língua portuguesa engatinhava, travou-se batalha sangrenta. Oxítonas e paroxítonas se enfrentaram. Briga feia. Não faltaram palavrões, unhadas e pontapés. Resultado: entre ambas criou-se inimizade eterna. Saíram séculos, entraram séculos, nada mudou. Até hoje elas não podem nem se olhar. O que uma faz não passa pela cabeça da outra imitar. A acentuação gráfica serve de exemplo. Se uma leva o […]
Filho de peixe peixinho é? É. A hereditariedade não pesa só nos reinos animal e vegetal. Pesa também no linguístico. Por isso as palavras derivadas seguem as primitivas. Sem vacilar, ficam no encalço de pai e mãe. Se a primitiva se escreve com s, a derivada não hesita. Vai atrás. Se com z, x, ch ou qualquer outra letra, também. Pode ser adjetivo, verbo, substantivo. […]