Temer fez pronunciamento em rede nacional. Lá pelas tantas, disse que o movimento dos caminhoneiros “pode fazer perecer também vidas”. Você entendeu? O dicionário diz que perecer é morrer: Paulo, depois de muito sofrimento, pereceu. Sem apoio, a candidatura pereceu no nascedouro. As plantas precisam de cuidado para não perecer. Talvez Sua Excelência tenha querido dizer isto: O movimento dos caminhoneiros pode matar. O movimento […]
“O governador de São Paulo media as negociações com os caminhoneiros”, disse o repórter. Ele, como 99% dos brasileiros, tropeçou num dos verbos mais traiçoeiros da língua portuguesa. Mediar e remediar fazem parte da gangue do MARIO. Conhece? O nome da turma barra pesada se formou com a letra inicial de cada membro — mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar. Todos se conjugam como odiar: odeio (medeio, anseio, remedeio, incendeio), […]
O noticiário da semana? Foi a greve dos caminhoneiros. À medida que a paralisação ganhava força, jornalistas procuravam explicações e novidades. Convocados, analistas faziam previsões. Ao responder à pergunta se era possível haver queda no preço dos combustíveis, um deles respondeu: “É possível, mas não provável”. Telespectadores ficaram confusos. Afinal, o preço vai cair ou não? Jogar luz sobre a questão exige entender a diferença […]
O verbo da vez? É faltar. A paralisação dos caminhoneiros fez os brasileiros tremerem nas bases. Combustível podia sumir das bombas. Remédios desaparecerem das farmácias. Comida escassear nos supermercados. O noticiário espalhava terror. Não pelas informações, mas pelos maus-tratos na língua. Era um tal de “falta frutas”, “faltou medicamentos”, “faltou táxis”. Cruz-credo. Olho vivo! O dissílabo tem o hábito pouco saudável de armar ciladas. Quando […]
“Os fatos levaram à redução do preço do diesel”, escreveu o jornal. Curioso, o leitor fixou o olhar no ç. Depois, perguntou por que a letrinha exótica estava lá. No lugar dela, podiam figurar os dois ss. A pronúncia se manteria. É que o português não é filho de robô. E, porque não é filho de robô, tem pai e mãe. Tem regras. Os verbos […]
Com hífen? Sem hífen? Sobre joga no time da maior parte dos prefixos. Pede o tracinho quando seguido de h ou de e (para evitar letras iguais). No mais, é tudo colado como unha e carne: sobre-humano, sobre-escada, sobressair, sobreimpresso, sobrealimentado.
“Sob pressão, Petrobras reduz o preço do diesel” foi a manchete do Correio Braziliense de quinta. Nota 10. Por quê? Sob indica posição inferior, debaixo de: Escondeu o dinheiro sob o tapete. Trabalha sob as ordens do general. Havia corpos sob os escombros. Sobre quer dizer em cima de, em relação a, a respeito de: Pôs os livros sobre a mesa. Sobre o assunto nada […]
“É fácil trocar as palavras. Difícil é interpretar os silêncios.”
“Chama a atenção imobilismo dos governos para liberar estradas”, escrevemos na primeira página. Nota 1000. Virou moda escrever “chamar atenção”. Nada feito. Chamar a atenção é trio. Exige o artigo.
“Edgar Marsuki, fundador do site Boatos.org, passou a checar informações na internet desde 2013”, escrevemos na pág. 8. Viu? Tropeçamos na preposição e, com ela, na estrutura da frase. Há duas possibilidades de correção. Uma: Edgar Marsuki, fundador do site Boatos.org, passou a checar informações na internet em 2013. A outra: Edgar Marsuki, fundador do site Boatos.or, checa as informações na internet desde 2013.