Os verbos são seres pra lá de ardilosos. Inconstantes, viram a casaca como nós trocamos de camiseta. É o caso de banhar. Ora ele pede pronome. Ora o dispensa. Como saber? Analise o período: Maria banha o filho. Maria funciona como sujeito. O filho, como objeto direto. (O verbo é transitivo direto. O sujeito e o objeto direto são pessoas diferentes.) Às vezes, o sujeito […]
“Em sete dias de greve dos caminhoneiros, ações da estatal desidratam”, escrevemos na pág. 11. Cadê o pronome? A gente desidrata alguma coisa. A coisa se desidrata: A greve desidrata as ações da estatal. As ações da estatal se desidratam. Melhor: Em sete dias de greve dos caminhoneiros, ações da estatal se desidratam.
“A senhora sabe latim? Não. É por isso que me pergunta se prefiro Pope a Virgílio. Ah, minha senhora, todas as nossas línguas modernas são secas, pobres e sem harmonia em comparação com as que falaram nossos primeiros mestres — os gregos e os romanos. Somos apenas violinistas de aldeia.”
O complemento se escreve sempre no plural: caixa de fósforos, caixa de joias, caixa de bombons, caixa de balas, caixa de cotonetes, caixa de grampos, caixa de surpresas.
Pagar joga no time dos verbos generosos. Oferece mais de uma forma para que o freguês escolha. O mão aberta tem dois particípios — pago e pagado. Com os auxiliares ter e haver, aceita um e outro sem fazer cara feia: Os brasileiros têm pago (ou pagado) preços extorsivos. O cliente havia pago (ou pagado) a conta quando a sobremesa chegou. A dissílaba e a […]
Postos elevam o preço de combustíveis. O motorista, sem alternativa, paga. Mas põe a boca na rede. Denuncia quem abusa do direito de abusar. As consequências, como repete o conselheiro Acácio, vêm depois. Os clientes sumirão. Que doooooooooooor! Atingirão a parte mais sensível do comércio. Vale, pois, conhecer a origem da poderosa criatura. Boicote vem do nome de Charles Cunningham Boycott. Ele administrava propriedades de […]
“Boa sorte, Neymar, Tite e cia.”, escrevemos na primeira página. Nota mil. Neymar, Tite e cia. são vocativos. Marginal da oração, o termo não se mistura. Separa-se sempre, sempre mesmo, por vírgula. É o caso de Pra frente, Brasil. Fora, Temer. Deus, ó Deus, onde estás que não me escutas?
“…e ressaltou que, para chegar aos R$ 0,46 de redução, o governo está assumindo sacrifícios no Orçamento”, escrevemos na pág. 2. Viu? Tropeçamos na concordância. Zero é singular. O artigo que o acompanha deve se submeter a ele. Assim: …e ressaltou que, para chegar ao R$ 0,46 de redução, o governo está assumindo sacrifícios no Orçamento.
Olha a pressa, gente. Cheque e xeque soam do mesmo jeitinho. Mas não se conhecem nem de elevador. Cheque é documento bancário. Pode ter fundos ou não. Daí cheque sem fundos, cheque com fundos (não fundo). Xeque é jogada de xadrez (xeque-mate). Xeque-mate significa “o rei está morto”. A expressão pôr em xeque quer dizer pôr em dúvida o valor, a importância, o mérito. É […]
Alan Kevedo assistia ao Fantástico. Estava atento, interessado na notícia. De repente, não mais que de repente, a reportagem disse que “as formigas se proliferam”. Bobeou. Ele explica: “Proliferar não joga no time dos verbos pronominais. Intransitivo, dispensa complementos: As formigas proliferam. Os ratos proliferam nos terrenos baldios”.