“Todas as cartas de amor são ridículas / não seriam cartas de amor se não fossem ridículas…/ Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas.”
Vou a Brasília? Vou à Brasília? Fui a Paraíba? Fui à Paraíba? Ia a França? Ia à França? Eta dor de cabeça! Cidades, estados e países são cheios de caprichos. Ora dão vez ao grampinho. Ora não. No aperto, a gente chuta. O resultado é um só. A Lei de Murphy, gloriosa, pede passagem. O que pode dar errado dá. Como safar-se? Há saídas. Uma […]
Quando o português usava fraldas, era pra lá de difícil acertar a sílaba tônica dos vocábulos. Rubrica ou rúbrica? Nobel ou Nóbel? Que rolo! As palavras, então, se reuniram em conselho. Discute daqui, briga dali, firmaram este acordo: Artigo 1° – As terminadas em a, e e o, seguidas ou não de s, são paroxítonas. Artigo 2° – As terminadas em i e u, seguidas ou não […]
Tamanho é documento? Nem sempre. Na língua de Camões, as letras maiúsculas não gozam de privilégio. Acentuam-se normalmente: África, Índia, Érica.
O pai de toda a confusão é o ditongo oi. As letrinhas podem ter duas pronúncias. Uma: aberta. Aí a duplinha será acentuada se aparecer nas oxítonas ou nos monossílabos tônicos (herói, lençóis, dói). Nas paroxítonas, o grampinho não tem vez (heroico, paranoico, joia, jiboia, eu apoio). A outra: fechada. Nada de acento. É o caso de comboio ou do substantivo apoio.
O verbo pôr tem um sósia. É a preposição por. Mas ele não gosta de confusão. Tem o maior cuidado para o nome dele não cair na boca do povo. Nem no Serviço de Proteção ao Crédito. Por isso usa acento. Com o chapeuzinho, fica diferente. Ele e o pôde (do verbo poder) são as únicas palavras que têm acento diferencial. Compare: Vamos pôr os […]
Atenção, galera. Na fala descontraída, a preposição para fica preguiçosa que só. Dispensa uma letra. Vira pra. Torna-se leve como pluma no ar. Por isso, a hedonista faz uma súplica: “Não me deem o peso de um acento. Livrar-se de um fardo e ganhar outro? Seria trocar seis por meia dúzia. Nada inteligente”: Pra frente, Brasil. Gasta dinheiro pra chuchu. Acende uma vela pra Deus […]
Se o i e o u forem antecedidas de consoante, nada de acento: tupi, parti, dividi, caju, Aracaju, urubu. Se forem seguidos de vogal, a coisa pode mudar de figura. Para chegar lá, precisam vencer três obstáculos. Primeiro: serem antecedidos de vogal. Segundo: formarem sílaba sozinhos ou com s. Terceiro: não serem seguidos de nh: saí (sa-í), baús (ba-ús), contribuí (con-tri-bu-í), egoísta (e-go-ís-ta). Mas: bainha […]
Em português, há um pacto entre as palavras. Todas as terminadas em x são oxítonas. O acento tônico cai na última sílaba. É o caso de inox, pirex, xerox. Mas, no reino das palavras como no dos homens, há os rebeldes. Alguns vocábulos querem ser diferentes. Desrespeitam o trato. Invejosos, torcem pelas paroxítonas.Tudo bem. Só que precisam do acento. O sinalzinho gráfico avisa que eles mudaram […]
Alguém acende a luz, mas a luz se acende: Maria acendeu a luz. Sem que ninguém percebesse, a luz se acendeu. Terminado o ato, as cortinas se fecharam e as luzes se acenderam.