A palavra alfabeto nasceu na terra de Platão e Aristóteles. Formaram-na dois vocábulos da mesma origem. Um: alfa, a primeira letra do alfabeto grego. O outro: beta, a segunda. Abecedário é o sinônimo latino. Vem de abc. Os gregos batizaram o alfabeto, mas não o criaram. Tampouco os fenícios, que o espalharam mundo afora e ficaram com a fama de genitores. Os pais da criança […]
José Sarney lançou a moda. “Brasileiras e brasileiros”, saudava ele. As mulheres acharam a novidade simpática. O SBT aproveitou a onda. Pôs no ar a novela com o mesmo bordão. A partir daí, distinguir o gênero deixou de ser gesto de simpatia. Virou obrigação. “Meus amigos e minhas amigas”, dizia FHC. “Senhoras deputadas e senhores deputados”, cumprimentam Suas Excelências. De obrigação, passou a obsessão. “Convidamos […]
Palavrões fazem parte do léxico português. Figuram em todos os dicionários sem nenhuma censura. Eles e os demais vocábulos estão à disposição do falante para serem usados na hora oportuna. São como roupas guardadas no armário. Dependendo da ocasião, a escolha recai sobre uma ou outra peça. Quem vai à piscina por certo optará pelo biquíni ou traje similar. Quem vai a baile black tie […]
Padre-nosso e pai-nosso têm dois plurais. Você escolhe: padres-nossos ou padre-nossos, pais-nossos ou pai-nossos.
Com hífen ou sem hífen? Depende: Ar-condicionado = aparelho de ar condicionado. Ar condicionado = ar fresquinho Pergunta do leitor Joaquim Leite, de Brasília: Se o plural de ar-condicionado é ares-condicionados, como devo escrever no plural: aparelhos de ar condicionado ou aparelhos de ares condicionados? A língua é econômica que só. Se um termo dá o recado, nada de gastar dois: aparelhos de ar condicionado, […]
Palavras viram moda sem querer. Ninguém as inventa. Elas estão quietinhas, guardadas no baú da língua. Aí, acontece. Alguém as tira de lá. Surpreende. As antes desconhecidas ganham notoriedade. Há exemplos pra dar, vender e emprestar. Quer ver? Marajá Fernando Collor descobriu marajá. Buscou-a na Índia. Lá, o vocábulo dava nome aos príncipes e endinheirados do país. Aqui, passou a designar o funcionário público que […]
Muitos reclamam da reforma ortográfica. Mas ela deu ajudinhas a nós, falantes da língua portuguesa. Uma delas é simplificar o emprego do hífen. As onomatopeias servem de exemplo. Ora se escreviam com o tracinho. Ora sem. Agora todas se grafam separadinhas, sem possibilidade de contato. É o caso de nhem-nhem-nhem, tró-ló-ló, blá-blá-blá, tique-taque, toque-toque, quem-quem, lenga-lenga, tim-tim por tim-tim.
Antes, só o dicionário sabia quando usar o tracinho e quando dispensá-lo. A reforma ortográfica deu um ponto final no quebra-cabeça. Mandou o hífen plantar batata beeeeeeeeem longe. Oba! As três letrinhas ficaram livres e soltas — sem lenço e sem documento: não agressão, não alinhamento, não conformismo, não fumante, não intervenção, não participação, não alinhado, não beligerante, não combatente, não conformista, não intervencionista, não […]
“Deus usa o silêncio para ensinar sobre a responsabilidade das palavras.”
“Candidato eliminado de concurso reaviu cargo”, escreveu o jornal. Confundiu a paternidade de reaver. Ele é filho de haver. Quer dizer haver de novo (recuperar). Muitos escrevem reavejo, reaviu como se o verbo fosse derivado de ver. Bobeiam. Reaver só se conjuga nas formas em que aparece o v do paizão: houve (reouve), haveria (reaveria), haverão (reaverão). A frase nota mil é esta: Candidato eliminado […]