Os sete arcanjos nossos de todos os dias

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Sabia? No céu existe uma hierarquia angélica. Os serafins estão mais próximos de Deus. Ocupam, por isso, o alto da escada. Abaixo, vêm os querubins. Em seguida, os tronos. Seguem-nos os soberanos, as potestades, as autoridades, os principados, os arcanjos e os anjos.

Os sete arcanjos são nosso velhos conhecidos. Miguel, Gabriel, Rafael, Uriel, Anael, Azaziel e Azaquiel chefiam hostes de anjos que andam por aqui ajudando os mortais. Daí o nome. Arcanjo carrega o prefixo grego archi, que significa chefe, aquele que comanda. O danadinho às vezes muda de cara. Mas conserva o sentido de posição superior. Valem os exemplos de arcebispo, arquidiocese, arquétipo, arquibancada.

Explica-se nossa familiaridade com os ajudantes de Deus. Eles estão mais próximos de nós. Não raro batemos papo com um ou outro. Desde pequenos rezamos para o anjo da guarda. Cada um tem o seu, tão fiel quanto o cãozinho de estimação. Mas, segundo os entendidos, às vezes a criaturinha se distrai. Convém, por isso, chamá-la. Diante de sufoco, convoque-o. Ele está sempre a postos.

Milícias da língua

Arcanjos mandam nos anjos. Falantes mandam na língua. Ops! O português tem 240 milhões de donos. Eles se espalham por Europa, Ásia, África e América. Como evitar que o patrimônio construído ao longo de séculos se descaracterize?

Só há um jeito. Convocar os arcanjos do idioma. Dicionários esclarecem grafias, significados, famílias e pronúncias. Gramáticas ensinam flexões, concordâncias, regências. Pais, professores, escolas e bibliotecas atuam como anjos da guarda.

Dúvidas não faltam. Muitas batem à porta do blogue. As mais recentes se referem a pronúncias. Vogais abertas ou fechadas maltratam os calos dos pés. O ó foi removido em lição anterior. Chegou a hora do é. Eis pistas:

1. Vocábulos terminados em e seguidos ou não de s são paroxítonos. No caso, o e soa reduzido. É quase i: tacape, telefone, bates, mexe.

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2. O acento muda a sílaba tônica. A fortona será a presenteada com o agudo ou o circunflexo. O grampinho abre o som. O chapéu fecha-o: carnê, vocês, café.

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3. A terminação –eja fecha o som: azuleja, apedreja, espelha (exceção: inveja).

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4. A terminação –elha vai atrás. O som soa fechadinho: espelha, aparelha, aconselha.

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5. A pronúncia do grau normal permanece no diminutivo. O e de besta é fechado. O de bestinha também. O de moleque é aberto. O de molequinho não se faz de rogado. Segue-o.

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6. O falar regional exige respeito. Há palavras indecisas. Pra não sair de cima do muro, adotam a dupla pronúncia. O e pode soar aberto ou fechado. É o caso de obeso. Que partido tomar? Prefira o da sua região. O xis da questão não é só acertar. A língua é como a mulher de César. A poderosa romana não só tinha de ser honesta. Precisava parecer honesta. A língua não tem de ser só correta. Tem de parecer correta.

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7. Pronuncie aberto o som de ibero, hétero, heterossexual, caminhonete, cassetete (cassetéte), destro, mister, Nobel (Nobél), novel, sesta (é).

Olho vivo 1: é fechado o e de interesse (ê), interesses (ê).

Olho vivo 2: Aedes aegipty? O nome do mosquito transmissor da dengue soa assim: o e de aedes é aberto (aédis). O de aegipty, fechado. A sílaba fortona é gip (egípti).

Ufa!