Olha a língua

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Hoje se comemora a abolição da escravatura. São 120 anos de guerra pela igualdade de direitos. A tarefa não é fácil. Batalhas se sucedem ao longo de décadas. A mais árdua: a luta contra preconceitos. Um dos instrumentos mais eficazes para transmitir juízos negativos é a língua.
 
Não existem palavras inocentes. Algumas mais, outras menos, todas têm carga ideológica. A sociedade, nos últimos 20 anos, está atenta aos vocábulos que reforçam preconceitos. Idade, cor, peso, altura, origem, condição social, opção sexual são as principais vítimas. No topo, a cor.
 
Negro é raça. Pelé é negro. Não é escurinho, crioulo, negrinho, moreno, negrão ou de cor. Evite usar o adjetivo em conotações negativas. Em vez de nuvens negras, prefira nuvens pretas ou escuras. Em lugar de lista negra, fique com lista de maus pagadores ou de mau isto ou aquilo. Apague denegrir do seu dicionário. Prefira comprometer. Quer indicar cor? O preto está às ordens.