O casadinho sofisticado

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Passeie os olhos por jornais e revistas. Raramente você verá o ponto-e-vírgula. A razão é simples. Poucos sabem empregá-lo. O casadinho é pra lá de sofisticado. A gente pode viver sem ele. Mas, com ele, ganha mais um recurso para enriquecer o texto.

Você tem coragem de empregá-lo? Teste seu conhecimento. Se as frases abaixo estiverem pra lá de certas, escreva V, de verdadeiro, nos parênteses. Se o deixarem vermelho de vergonha, castigue-as com um F, de falso. Depois, marque a seqüência nota 10:

( ) Estudo inglês; e, também, francês. ( ) Feche a janela; porque está ventando muito. ( ) Beatriz trabalha no MEC; Júnia, no Itamaraty. ( ) Maria e Paula estudam na UnB. Esta cursa Letras; aquela, Direito.

a. V, V, F, F b. F, F, V, V c. V, V, V, F d. F, F, F, V

Marcou a letra b? Pra lá de certo. Você conhece as manhas do ponto-e-vírgula. Use-o sempre que puder. Exibi-lo pega bem à beça.

Optou por outra letra? Cuidado. Sinal vermelho. Mas não se desespere. Você tem saída. Deixe a preguiça pra lá e estude o assunto. O resultado será um só. O casadinho tem dois empregos. Nenhum deles é bicho-de-sete-cabeças. Quer ver?

Primeiro emprego

O ponto-e-vírgula separa os itens de uma enumeração:

São funções do Banco Central: a. emitir moeda; b. fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional; c. controlar o crédito e o capital estrangeiros; d. representar o governo brasileiro perante governos estrangeiros.

Segundo emprego

O casadinho separa vírgulas concorrentes:

Lembra-se daquela lei da física? Dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. No período ela quase se aplica. Quer ver? Leia a frase:

João estuda francês, Pedro estuda inglês, Paulo estuda alemão, Juca estuda russo, Bia estuda árabe, Consuelo estuda espanhol. A frase está correta. Mas tem um senão. Repete muito o ®MDUL¯estuda. O que fazer? Usar o verbo na primeira oração e, depois, substituí-lo por vírgula: João estuda francês, Pedro, inglês, Paulo, alemão, Juca, russo, Bia, árabe, Consuelo, espanhol. João estuda francês, Pedro, inglês, Paulo, alemão, Juca, russo, Bia, árabe, Consuelo, espanhol.

Pior a emenda que o soneto, verdade? O período ficou confuso. Misturou dois bicudos. Um, a vírgula que separa as orações (aquela que estava presente no primeiro exemplo). O outro, a que substitui o verbo (aparece na segunda frase).

O que fazer? Ser chique. Fazer o que a maioria das pessoas não sabe. Usar o ponto-e-vírgula em lugar da vírgula que separa orações. Assim você acabará com a rivalidade das vírgulas concorrentes.

João estuda francês; Pedro, inglês; Paulo, alemão; Juca, russo: Bia, árabe; Consuelo, espanhol.

Mais exemplos:

João estuda no Rio; Pedro, em São Paulo (João estuda no Rio, Pedro (estuda) em São Paulo). Pedro terminou a pesquisa ontem; Mauro, anteontem. Beatriz trabalha no MEC; Gilda, no Itamaraty. É isso. Se houver vírgulas empregadas por razões diferentes no mesmo período, é confusão certa. Separe a oração por ponto-e-vírgula.

Teste

O ponto-e-vírgula enche a gente de orgulho na opção:

a. Paulo estuda francês na UnB; Maria, no UniCeub. b. Paulo estuda francês na UnB, Maria; no Uniceub.

A resposta? É a a, claro.