O alfabeto tem manhas

Publicado em Geral

A palavra alfabeto nasceu na terra de Platão e Aristóteles. Formaram-na dois vocábulos da mesma origem. Um: alfa, a primeira letra do alfabeto grego. O outro: beta, a segunda letra. Abecedário é o sinônimo latino. Vem de a, b, c.   

Os gregos batizaram o alfabeto, mas não o criaram. Tampouco os fenícios, que o espalharam e ficaram com a fama de genitores. Os pais do sistema foram os egípcios. Antes deles, a ideia era representada por símbolos. O povo dos faraós lançava mão dos hieróglifos. Os babilônios, do método cuneiforme. Ainda hoje japoneses e chineses não têm letras.  

Nós, que as temos, precisamos tratá-las com reverência. As 26 que formam o alfabeto português jogam no time dos machos. Podem ter duas caras — maiúsculas ou minúsculas. Cinco delas são vogais. Vinte e uma consoantes. Escrevê-las e pronunciá-las como mandam os mestres pega bem como usar cinto de segurança e dar bom-dia ao entrar no elevador.  

Eis a forma: á, bê, cê, dê, é, efe, gê ou guê, agá, i, jota, capa ou cá, ele, eme, ene, ó, pê, quê, erre, esse, tê, u, vê, dáblio, xis, ípsilon, zê. Generosas, no plural elas admitem duas formas. Numa, acrescenta-se o s (os ás, os bês, os cês). Noutra, dobram-se as criaturas (os aa, os bb, os cc, os ii).   

Às vezes as letras aparecem casadas ou com acessórios. Olho vivo e língua afiada ao nomeá-las: ç (cê cedilhado), rr (dois erres ou erre duplo), ss (dois esses ou esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (gê-u ou guê-u), qu (quê-u).   

Olho vivo também na grafia de ilustres palavras que frequentam o dia a dia de alunos e professores. Uma delas: á-bê-cê. Outra: abecedê. A última, mas não menos importante: bê-á-bá. O plural do trio curva-se à regra geral: á-bê-cês, abecedês, bê-á-bás.   

Dica: as vogais e e o, quando citadas isoladamente, têm o som aberto: O segundo ó de vovô usa chapéu. Discreto se escreve com é.