De vez em quando, as pessoas usam o prefixo ex- indevidamente. Resultado: acabam embaralhando os tempos e, claro, falsificando a mensagem. O ex- dá um recado claro. Informa o que era e deixou de ser. O ex-presidente foi presidente, mas não é mais. O ex-ministro foi ministro, mas não é mais. O ex-marido dividiu o leito com a mulher, mas não divide mais.
Viu? O tempo está em jogo. A criatura é ex- no presente, mas no passado não. Eduardo Cardozo é ex-ministro da Justiça, mas ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff. Lula é ex-presidente da República hoje, mas presidente da República em 2005. O mesmo ocorre com Fernando Henrique. Hoje ele é ex-presidente. Mas, se o situarmos nos anos em que estava à frente do Planalto, falamos em presidente.
Não vale dizer “processo de impeachment da ex-presidente Dilma”. Ex-presidente não sofre impeachment. Melhor: processo de impeachment da presidente Dilma. Joga no mesmo time quem diz que o “ex-presidente Itamar Franco implantou o Plano Real”. Ex- não faz nem acontece. O presidente Itamar Franco implantou o Plano Real.