Manuela D´Ávila na boca de hackers, polícia e tuiteiros: fui comunicada

Publicado em português

A história parece obra de mágico. Ele exibe a cartola vazia. Puxa um lenço, outro, outro, outros. Forma um varal. Mas o estoque não acaba. Vêm pombos. Depois, coelhos. “Há mais?”, pergunta o público atônito. O mesmo ocorre com os hackers de Araraquara. Eles invadiram o celular de figurões da Lava-Jato. Conversas de Sérgio Moro & cia. viraram notícia. Serão verdadeiras? Não serão?

Enquanto se discutia, ops! Era só o início da novela. Pindorama em peso tinha caído na rede do quarteto paulista. Nem o presidente da República escapou. A polícia fez a parte dela. Investigou. E… chegou a Manuela D´Ávila. Ela serviu de ponte entre o ladrão eletrônico e o editor do site que divulgou as mensagens. Ante o auê, Manu distribuiu nota à imprensa. Quem apanhou? A língua. A ex-deputada espancou regências, crases, pontuação. Os chutes e pontapés pararam no Twitter. O blogue selecionou itens para comentar.

Uiiiiiiiiiii

“No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido”, escreveu ela. Doeu. A moça bateu na regência. Sem compaixão.

Comunica-se alguma coisa a alguém. (Nunca se comunica alguém sobre (ou de) alguma coisa):

O chefe comunicou a decisão aos assessores. (Não: O chefe comunicou os assessores sobre a decisão.)

O filho comunicou aos pais a data do concurso. (Não: O filho comunicou os pais sobre a data do concurso.)

O aplicativo Telegram me comunicou a invasão do meu dispositivo. (Não: O aplicativo Telegram me comunicou sobre a invasão do meu dispositivo.)

Conclusão: ninguém pode ser comunicado. Pode ser informado, avisado ou cientificado:

No dia 12 de maio, fui informada sobre a invasão do meu dispositivo.

No dia 12 de maio, fui avisada da invasão do meu aplicativo.

No dia 12 de maio, fui cientificada sobre a invasão do meu dispositivo.