Historinha de descuido

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“Que descuido!”, escreveu o leitor Afonso Guedes, lá do Rio. Ao ler o jornal, ele se surpreendeu com a citação do verso de Vinícius sobre o amor. Explica: “O poetinha jamais disse que o `amor seja eterno enquanto dura´. Isso não teria sentido. Ele disse que o `amor seja infinito enquanto dura´. Infinito dá idéia de grandeza, intensidade, quantidade… amor imenso. Eterno dá idéia de tempo, para sempre. Infinito é uma coisa; eterno, outra”.

De quebra, manda o poema objeto do troca-troca. Lembra-se dele? Ah, delícia!

SONETO DA FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor ( que tive ): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.