A forma positiva agrada ao leitor. A forma concreta assegura aplausos semelhantes. Como chegar lá? Escolha termos específicos. Há palavras que são mais focadas que outras. Gato siamês é mais singular do que simplesmente gato; homem, mais do que animal; laranjeira, mais que árvore; árvore, mais do que planta ou vegetal. Trabalhador é termo de sentido geral, muito amplo; jornalista tem sentido mais restrito; jornalista da TV Senado, mais ainda.
Ao descrever uma cena de rua, você pode referir-se genericamente a transeuntes ou particularizar: homens, jovens, estudantes, alunos da USP. Escrever “foi um período difícil” constitui vagueza. “Estive desempregado durante três meses” é mais preciso, bem melhor.
Genérico x concreto
Compare os textos. O primeiro prima pela generalização. O segundo, pela especificação:
Os jovens chegaram num carrão bonito. Usavam calças velhas, camisetas e óculos. Entraram no primeiro restaurante que encontraram pela frente sem se preocupar com o preço.
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Os jovens, entre 15 e 18 anos, chegaram numa BMW azul. Usavam calça jeans com remendos nas pernas, camiseta de malha branca e óculos de sol. Entraram no primeiro restaurante que encontraram pela frente, um italiano especializado em massas de Bologna, sem se preocupar com o preço.
Viu a diferença? Não foi por acidente que Gonçalves Dias compôs: “Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá”. Se tivesse dito “Minha terra tem árvores / Onde canta o pássaro”, seus versos estariam enterrados com ele, ignorados de todos.
A ordem
Siga a regra: o específico é preferível ao genérico; o definido ao vago; o concreto ao abstrato.