“Escrever”, ensinam os manuais, “é 10% de inspiração e 90% de transpiração”. Em outras palavras: escrever dá trabalho. E como! A gente tem de planejar, escrever e burilar o texto. Sem preguiça. A redação nota 10 não nasce na primeira tentativa. Nem na segunda. Nem na terceira. A cada versão o autor conjuga o verbo melhorar. Corta daqui, enxerta dali, troca palavras, muda parágrafos de lugar. Ufa!
Escolha termos específicos. Há palavras que são mais específicas do que outras. Gato siamês é mais singular do que simplesmente gato; homem, mais do que animal; laranjeira, mais que árvore; árvore, mais do que planta ou vegetal. Trabalhador é termo de sentido geral, muito amplo; jornalista tem sentido mais restrito; jornalista do Correio Braziliense, mais ainda.
Ao descrever uma cena de rua, você pode referir-se genericamente a transeuntes ou particularizar: homens, jovens, estudantes, alunos da UnB. Escrever “foi um período difícil” constitui vagueza. “Estive desempregado durante três meses” é mais preciso, bem melhor.
Compare os textos. O primeiro prima pela generalização. O segundo, pela especificação:
Os jovens chegaram num carrão bonito. Usavam calças velhas, camisetas e óculos de sol. Entraram no primeiro restaurante que encontraram pela frente sem se preocupar com o preço.
Os jovens, entre 15 e 18 anos, chegaram numa BMW azul. Usavam calça jeans com remendos nas pernas, camiseta de malha branca e óculos de sol. Entraram no primeiro restaurante que encontraram pela frente, um italiano especializado em massas de Bologna, sem se preocupar com o preço.
Viu a diferença? Não foi por acidente que Gonçalves Dias compôs: “Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá”. Se tivesse dito “Minha terra tem árvores / Onde canta o pássaro”, seus versos estariam enterrados com ele, ignorados de todos.
Siga a regra: o específico é preferível ao genérico; o definido ao vago; o concreto ao abstrato.