Zé: Licença, padre?
Padre: Deus o abençoe, meu filho.
Zé: Padre, o senhor se lembra do Zé pintor?
Padre: É claro, meu filho.
Zé: Pois é, padre, o Zé veio a falecer.
Padre: Que pena, morreu de quê?
Zé: Moro numa rua sem saída e minha casa é a última. Ele desceu com o carro e bateu no muro de casa.
Padre: Coitado, morreu de acidente.
Zé: Não, ele bateu com o carro e voou pela janela, caiu dentro do meu quarto e bateu a cabeça no meu guarda-roupa de madeira.
Padre: Pobrezinho, morreu de traumatismo craniano.
Zé: Não, padre. Ele tentou se levantar pegando na maçaneta da porta, que se soltou, e ele rolou escada abaixo.
Padre: Meu Deus, morreu de fraturas múltiplas.
Zé: Não padre, depois de rolar a escada, ele bateu na geladeira, que caiu em cima dele.
Padre: Que tragédia, morreu esmagado.
Zé: Não, ele tentou se levantar e bateu as costas no fogão. A sopa, que estava fervendo, caiu nele.
Padre: Nossa Senhora! Morreu desfigurado.
Zé: Não, padre. No desespero, saiu correndo, tropeçou no cachorro e foi direto na caixa de força.
Padre: Virgem Maria! Morreu eletrocutado.
Zé: Não, padre. Morreu depois de eu dar dois tiros nele.
Padre: Filho, você matou o Zé?
Zé: Claro. Ele estava destruindo a minha casa.