É vandalismo sim, senhor

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Nossa Senhora! Pode? Pode. Duas alunas se desentenderam. Discutiram. Colegas tomaram partido. Armou-se a confusão. “Porrada, porrada, porrada”, gritavam todos em coro. Adolescentes arremessaram pedras e carteiras nos vidros. Arrombaram portas. Trocaram tapas e socos. A diretora desmaiou. Professores e funcionários, acuados, se trancaram numa sala. A meninada ameaçava incendiar o prédio.
    Chamada pelos vizinhos, a polícia chegou. Depois de enfrentamentos, restabeleceu a ordem na Escola Estadual Amadeu Amaral, de São Paulo. “Foi vandalismo”, disse o PM diante do resultado de três horas de pancadaria e quebra-quebra. A classificação trouxe à mente os estragos feitos pelos vândalos. A violência foi tal que o nome do povo de origem germânica enriqueceu tristemente o vocabulário da língua.
  Vandalismo lembra a devastação levada avante pelos bárbaros. Vândalos, no falar de hoje, são as pessoas que destroem, arrasam, aniquilam. Também entram na indesejável denominação os brutos que danificam monumentos ou objetos de valor cultural, histórico ou científico. Xô!
 
Fúria incontida
  Vandalismo virou vandalismo há um tempão. Lá pelo século V, os vândalos puseram as manguinhas de fora. Tomados de fúria incontida, deixaram a terrinha delas e partiram pro mundo. Invadiram a França e se apossaram de tudo o que encontraram pela frente. De lá, passaram pra Espanha. Não deixaram pedra sobre pedra. Mais: insaciáveis, tomaram a Sicília, a Córsega, a Sardenha. Atacaram o norte da África. Por fim, apoderaram-se da jóia da coroa. Saquearam Roma. Foi o começo do fim do Império Romano do Ocidente.
 
Quebra-quebra
  Passada a confusão, professores narraram os episódios à polícia. Falaram em pancadaria e quebra-quebra. A certa hora, precisaram do plural da duplinha. Seria quebra-quebra? Quebras-quebras? Quebra-quebras? Palpites não faltaram. Confusões também não. A saída foi consultar gramáticas e dicionários. Lá está: nos substantivos compostos, quando os dois elementos são constituídos de palavras iguais, só o segundo vai para o plural. É o caso de quebra-quebras, troca-trocas, pisca-piscas.
 
  Cada um na sua
    Professor ensina e aluno aprende. Certo? Sim, mas com uma condição. Trata-se do respeito à regência. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém: Ninguém ensina o pai-nosso ao vigário. Eu ensino matemática aos alunos da 4ª série. Alguém ensina ética ao juiz?     Há construções que dispensam os dois objetos (o alguma coisa e o alguém). Outras dispensam um dos objetos. Olho vivo! A regência se mantém: O professor ensina bem. Paulo ensina matemática na universidade. Ensino aos alunos o que eles querem aprender.
 
  Olho no trio
    Antes do infinitivo, por favor, dê passagem ao a: A dor ensina a gemer. A vida ensina a ser tolerante. Esporte ensina a conviver com diferentes.