Eluana tinha 21 anos. Sofreu um acidente. Durante 17 anos, os médicos a mantiveram viva graças aos progressos da medicina. O pai, sem esperança de ver a filha curada, pediu pra desligarem os aparelhos. Conseguiu. O papa não gostou. Nem o mandachuva da Itália. “É eutanásia”, diziam os opositores. “Não é”, respondiam os inimigos de máquinas que prolongam a vida. No vaivém sem fim, a Justiça autorizou a retirada de soros, sondas & outras parafernálias. A moça morreu. Mas fica a lição linguística.
Eutanásia vem de Tânato. O deus da morte tinha coração de ferro e entranhas de bronze. Não se comovia com nada nem com ninguém. Mesmo assim, formou uma senhora família. Todos os membros têm relação com a indesejada das gentes. É o caso de tanatologia (tratado sobre a morte), tanatomania (obsessão pela morte), tanatofobia (medão da morte). É o caso, também, de eutanásia (morte boa).
A palavra tem duas partes. Uma: Tânato. A outra: eu. As duas letrinhas querem dizer bom. Elas aparecem em montões de vocábulos. Eufonia é um deles. Significa som bom, agradável. Eugenia, outro. Tem a acepção de melhoramento genético. Evangelho, mais um. Aí, o eu se disfarçou de ev. Mas mantém o significado. É boa-nova.
O outro lado
O contrário de eutanásia? É distanásia. Trata-se da morte com dor, sofriiiiiiiiiida. Valha-nos, Deus!