Dinheiro não nasce em árvore. Mas jorra de malas, recheia cuecas, pulula em meias e enche bolsos de corruptos. Os envolvidos com a dinheirama tocam o samba de uma nota só:
— São doações de campanha, doações de fiéis, doações de empresários generosos.
Viu? Os sortudos aprenderam a conjugar o verbo doar. Descobriram que o dissílabo se flexiona como os irmãozinhos dele. É o caso de voar, coroar, coar e perdoar. Terminados em -oar, eles sofreram tesourada da reforma ortográfica.
A 1ª pessoa do singular do presente do indicativo exibia chapeuzinho, mas perdeu-o (eu doo, perdoo, voo, coroo, coo). Nas demais, nada mudou: ele doa, perdoa, voa, coroa, coa; nós doamos, perdoamos, coroamos, coamos, voamos; eles doam, perdoam, voam, coroam, coam.