Delatar ganhou a boca do povo e da elite. De um lado, estão os que tremem só em pensar na trissílaba. Com conta no cartório, rogam a Deus por um milagre — que Deus feche os olhos e os deixe fora da lista suja. De outro, encontram-se os curiosos. Sem ter participado de falcatruas, querem conhecer a turma que engordou a conta bancária com o chorado imposto dos brasileiros.
Tanto interesse gerou a curiosidade. Qual o berço da trissílaba que estremece o mundo empresarial e político tupiniquim? Ela veio do latim delatum. Na língua dos Césares e na nossa, tem o mesmo significado — denunciar, contar, referir. Em bom português: bater a língua nos dentes e jogar luz sobre os fatos que estavam no breu.
Dedo-duro
O delator conta tudo. No caso da Odebrecht, fala de corrupção & cia. amante da roubalheira. Dá nome aos bois. Aponta participantes de esquemas pra lá de especializados. O povo sabido lhes dá um apelido. É dedo-duro.
Por falar nisso…
Ele é dedo-duro. E ela? Ela também. Duro é o dedo. Não tem feminino. Ele é dedo-duro. Eles, dedos-duros. Ela, dedo-duro. Elas, dedos-duros.