Que educação dar às crianças do século 21? A pergunta não é nova. Vem sendo feita há mais de duas décadas. Com o desenvolvimento da tecnologia e da inteligência artificial, o modelo que deu certo há 200 anos tornou-se obsoleto, incapaz de responder às urgências contemporâneas.
A questão não desafia só o Brasil. Países do mundo inteiro se esforçam para jogar luz sobre o problema. Relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelo Pisa, contribuiu para apontar a direção a seguir.
Impõe-se desenvolver competências híbridas – as cognitivas e as socioambientais: aliar ao conteúdo a criatividade e o pensamento crítico. Sem isso, concluiu seminário internacional promovido pelo Instituto Ayrton Senna nesta semana, a escola continuará entregando à sociedade gente defasada.
A ciência provou que criatividade não constitui dom divino concedido a este ou àquele gênio. Trata-se de habilidade e, como tal, exige treino – 1% de inspiração e 99% de transpiração. A escola que acredita ter por meta apenas a transmissão de informações encontradas no Google precisa sintonizar-se com o século 21.
No mundo afogado de informações que se encontram na palma da mão, o pensamento crítico se faz mais que necessário. O estudante precisa ter a habilidade não só de buscar o melhor para o que necessita, mas também identificar o indesejável ou o falso. Questionar é a ordem.
No Brasil, o ensino fundamental está a cargo das prefeituras. O médio, dos estados. O superior, da União. Cabe ao Ministério da Educação e Cultura coordenar grande ação de modernização dos cursos de licenciatura. Prover a escola de recursos tecnológicos não é suficiente. Sem currículos atualizados, com eles ou sem eles, o modelo continuará a ser reproduzido. O professor é a chave do processo.
(Editorial do Correio Braziliense de hoje.)