Crase 5

Publicado em Crase, Geral
Maria nasceu na Clínica São Vicente. A maternidade não deixou por menos. Comprou meia página do jornal O Globo. Nela, estampou a mensagem: “A Clínica São Vicente dá as boas-vindas à Maria”.Crase antes de nome próprio? Os leitores estranharam. Dividiram-se. Uns achavam que sim. Outros que não. E daí? Quem tem razão?

Os dois. Crase é como aliança no anular esquerdo. Indica casamento. Informa que a preposição a se encontrou com o artigo a. Felizes, as caras-metades unem-se para sempre.Para que o enlace ocorra, é preciso atender a dois requisitos. Um: uma palavra que exija a preposição a. O outro: um nome feminino usado com artigo.

Veja:

Vou à praia.

O verbo ir exige a preposição a (quem vai vai a algum lugar). O substantivo praia se usa com artigo (a praia que visitei tem areias brancas). Daí a crase.

Macete

Dúvida? Vale um macete. Substitua a palavra feminina por uma masculina (não precisa ser sinônima). Se na troca der ao, sinal de crase. Caso contrário, nada feito:

• Vou à praia. (Vou ao clube.) • Ele esteve presente às duas reuniões. (Ele esteve presente aos dois encontros.) • Cumprimentou a jogadora. (Cumprimentou o jogador.)

Vaca fria

E nome próprio? Depende da região. Os nordestinos não suportam acompanhá-lo de artigo. Os sulistas, para contrariar, adoram.Por isso, usar crase antes de nome de mulher é facultativo. Fica a gosto do freguês:

Deu boas-vindas à (a) Marcela.

Dirigiu-se à (a) Maria.