Colisão verbal

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O metrô paulistano resgistrou um acidente na manhã desta quarta-feira. Veja a nota oficial divulgada pela empresa que gere o metropolitano:

“Por volta das 9h50, duas composições da Linha 3-Vermelha que circulavam no sentido Palmeiras/Barra Funda se colidiram próximas a estação Carrão do Metrô. As causas do acidente estão sendo apuradas pela Companhia do Metrô (…)”


Acho que um post sobre a regência do verbo colidir poderia ser de utilidade para muitos seguidores. Que tal?

Colidir

A sugestão de José Manzano vem ao encontro da maior dificuldade dos brasileiros — descobrir se o verbo é intransitivo, transitivo, pronominal, etc. e tal. É pra lá de bem-vinda.

O Dicionário de Verbos e Regimes, de Francisco Fernandes, não registra colidir como pronominal. O se sobra: … duas composições da Linha 3-Vermelha que circulavam no sentido Palmeiras/Barra Funda  colidiram próximas a estação Carrão do Metrô. A argumentação dos dois colidiu.

Existe outra regência? Existe. Ela também fica bem longe do pronome: A opinião de Dilma colide com a de prefeitos que estiveram em Brasília. 

Crase

 

A nota não colide só com a regência. Colide com a crase:

… colidiram próximas à estação Carrão do Metrô.

Próximas exige a preposição a. Estação Carrão do Metrô pede o artigo a. O grampinho denuncia o encontro dos dois aa.

 Na dúvida, basta apelar para o troca-troca — substituir a palavra feminina (estação) por uma masculina. Se der ao, sinal de casamente indissolúvel: … colidiram próximas ao parque da cidade.

É isso. A crase não foi feita pra humilhar ninguém. Nem a regência. Mas armam ciladas. Olho vivo!