Clareza: seu e sua

Publicado em português

As histórias estão em alta. Jornalistas, advogados, professores, empresários recorrem a narrativas para sobressair, argumentar e vender o peixe com desenvoltura. Daí por que fazem e oferecem cursos de storytelling, nome emprestado do inglês que significa contação de histórias.

Ali aprendem as manhas e artimanhas da técnica tão antiga quanto o suceder dos dias e das noites, a mudança das fases da Lua ou a troca das estações do ano. A coluna entrou na onda. Selecionou narrativa que ensina lição útil pra quem fala, escreve ou simplesmente se diverte com o que ouve ou lê.

 Era uma vez

O presidente do banco estava preocupado. Seu assessor era o profissional que pediu a Deus. Chegava cedo, saía tarde, comia ali mesmo, na sala de trabalho. De repente, não mais que de repente, começou a ausentar-se na hora do almoço.

Desconfiado, o chefão contratou um detetive para descobrir o porquê da mudança. O investigador voltou no dia seguinte com a resposta:

— Seu assessor sai ao meio-dia, pega o seu carro, vai à sua casa almoçar, namora a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.

O presidente comentou que não havia nada de mal no comportamento do subordinado. Incomodado, o Sherlock Holmes pediu licença para tratá-lo por tu. E repetiu a história:

— O assessor sai ao meio-dia, pega o teu carro, vai à tua casa almoçar, namora a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.

É isso. Seu e sua podem se referir ao ser com quem se fala ou ao ser de quem se fala. Daí a ambiguidade. Olho neles.