Cilada da concordância

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Jornalistas acompanham com atenção o vaivém da presidente. Qualquer palavra, qualquer gesto, qualquer suspiro viram notícia. Agora, dois assuntos dominam a pauta. Um: a formação do ministério. O outro: a posse. Quantos dias faltam para o Palácio do Planalto receber a primeira moradora? Na resposta, alguns tropeçam. Dizem “falta 50 dias”, “falta 45 dias”, “falta 43 dias”.

Ops! Os distraídos caem na armadilha do sujeito posposto. Como o mandachuva da frase aparece depois do verbo, eles se confundem. Pensam que o sujeito é objeto. Há um jeito de escapar da cilada — escrever a oração na ordem direta. Aí, as dúvidas batem asas e voam (50 dias faltam, 45 dias faltam, 43 dias faltam): Faltam 45 dias para Dilma se mudar da Granja do Torto para o Palácio da Alvorada.  

Mesmo tropeço

Breno de Castro, pra lá de atento fiscal da língua, assistia ontem ao telejornal da GloboNews. Era um pouco mais de meio-dia quando apareceu na tela este texto: “Aumenta os acidentes nas ruas, mas diminui os com vítimas”. Passado o susto, ele mandou e-mail pra coluna. “A frase”, disse ele, “entrou arranhando os olhos e doeu nos ouvidos.”

Viu? Trata-se de mais do mesmo. O sujeito posposto levou ao erro: Os acidentes nas ruas aumentam, mas diminuem os com vítimas. Aumentam os acidentes nas ruas, mas diminuem os com vítimas.