Categoria: português
Tempo, pra que te quero? Pra passar. E, passando, driblar o futuro, que vira presente e se transforma em passado. A língua, sempre atenta, ajuda na caminhada. Nós, distraídos, esquecemos de prestar atenção aos macetes que ela oferece. É o que acontece quando o Natal se aproxima. A mídia faz a contagem regressiva. Dia a dia, avança no calendário. “Estamos a dois meses do Natal” […]
“Socooooooooooooooooooooooooorro!”, gritam os 6 milhões de inscritos no Enem. Vestibulandos e concurseiros de Europa, França e Bahia vão atrás. O motivo: perdem pontos a rodo num tal item chamado coesão. Eles procuram o assunto nas gramáticas. Não encontram. Celsos Cunhas, Becharas, Cegallas não dedicam nenhum capítulo ao tema. Por quê? A razão é simples. Coesão está presente na morfologia, na sintaxe, nas figuras de linguagem. […]
“O Brasil sofreu grandes cortes de abastecimento de energia, os chamados apagões, em 2001”, escrevemos na pág. 8. Observou o modismo? Para que chamados? Apagões são apagões. O verbete figura no dicionário. Melhor assumir: O Brasil sofreu grandes cortes de abastecimento de energia, os apagões, em 2001.
“Pra frente, moçada”, dizem cartazes que animam os estudantes que vão fazer o Unem. A preposição aparece com duas caras. Uma: pra. A outra: prá. A duplicidade deu nó na cabeça dos candidatos. A palavra usa grampinho ou deixa o cabelo livre e solto? Na língua descontraída, o para fica preguiçoso que só. Dispensa uma letra. Por isso, o hedonista faz uma súplica: “Não me […]
Ops! Cuidado com aquela força irresistível que nos empurra para a perdição. Quando ela atacar, pare, pense e reze. Possuir pertence à 3ª conjugação. Mas foge à regra. O desvio reside na 3ª pessoa do singular. Os irmãozinhos terminam com e (ele parte). Possuir pulou a cerca Trocou o e pelo i. Muita gente desconhece o resultado. Escreve “possue”. Peca. A saída? Ajoelhar-se, pedir a […]
Não caia no simplismo. O primeiro dia do mês tem privilégios. Só ele é ordinal. Os demais embarcam na canoa do cardinal: Primeiro de janeiro abre as portas do ano-novo. Os gregos não tinham o 1º dia do mês. Viajou no dia 2.
O pintor deu duas mãos de tinta na parede. Correto? Não. A turma apela para o menor esforço. Uma sílaba é mais fácil que duas. Mas nem sempre dá certo. Deixe a preguiça pra lá. O pintor deu duas demãos de tinta. A dissílaba quer dizer camada de cal, tinta ou verniz que se estende em uma superfície.
“Comandante da Aeronáutica afirma que o Brasil vai encontrar o caminho e sair da atual crise político-econômica”, escrevemos na capa. Reparou? O adjetivo sobra. Se vai sair da crise, só pode ser a atual. Melhor: Comandante da Aeronáutica afirma que o Brasil vai encontrar o caminho e sair da crise político-econômica.
As expressões latinas não têm acento nem hífen. Se aparecer um ou outro, elas perdem a originalidade. Entram, então, na vala comum dos compostos. Ganham hífen. Compare: via crucis, via-crúcis.
Catorze alterna com quatorze. Mas cinquenta é única. Xô, cincoenta!