Categoria: português
Atenção, gente fina. Ditongo é como unha e carne. Não se separa nem com reza braba. Por isso, bobear é proibido. Olho vivo ao chegar ao fim da sílaba: joia — joi-a jiboia — ji-boi-a ideia — i-dei-a assembleia — as-sem-blei-a É isso.
Dizem que Hitler não mandou bombardear o bairro antigo de Paris por uma única razão — poupar Notre-Dame. Verdade ou mito, a história presta homenagem à obra. Majestosa, a catedral gótica, de 800 anos, recebe 13 milhões de turistas por ano, 30 mil por dia. Não por acaso é um dos cartões-postais da capital francesa. Não por acaso, também, inspirou poetas, escritores, pintores. Até Walt […]
“Entre deputadas mulheres há maior divisão sobre a reforma”, escreveu o site do jornal. “Deputadas mulheres é pleonasmo?”, perguntam os leitores. Sim. Deputado é homem; deputada, mulher. Basta deputadas.
As abreviaturas formadas pela diminuição de palavras têm três manhas. Uma: exigem o ponto final. A outra: não abrem mão do s do plural. A última, mas igualmente importante: mantêm o acento original: capítulo (caps.), companhias (cias.), páginas (págs.), século (séc.), código (cód.).
Único presidente de origem cigana em todo o mundo, Juscelino Kubitscheck era bom em português, mas suava que só pra garantir aprovação em matemática. Criança, sofreu ferimentos graves num dedo do pé. Sentia, por isso, fortes dores quando calçava sapatos. Ficaram famosas as fotos em que ele, descalço, recebia personalidades ilustres. Até hoje, o “presidente bossa-nova”, como ficou conhecido, é considerado o chefe de Estado […]
Ervas daninhas aparecem de vez em quando. A mais recente atingiu a nobre figura do professor. Os manuais dizem que a abreviatura do mestre é prof. Mas, por alguma razão alheia à vontade de Deus e dos homens, começaram a brindá-lo com um ozinho (profº). O intruso aparece até em cartazes de faculdade. É a recita do cruz-credo. A língua detesta redundância. O masculino não […]
Tal como na vida, na língua há os privilegiados perante a abreviatura. É o caso do símbolo de hora, minuto, segundo, metro, quilo, litro e respectivos derivados (quilômetro, mililitro). Eles são sem-sem-sem — sem espaço, sem o ponto abreviativo e sem o s indicador de plural: 5h30, 3h30min14, 4,5m, 20kg, 10ml.
Notre-Dame ardeu em chamas. Nada menos de 800 anos de história correram risco de serem varridos do mapa. Nos cinco continentes, só se conjugava um verbo — incendiar. Em português, ele se flexiona como odiar: odeio (incendeio), odeia (incendeia), odiamos (incendiamos), odeiam (incendeiam); odiei (incendiei), odiou (incendiou), odiamos (incendiamos), odiaram (incendiaram). E assim por diante.
O português é uma língua única. Tem dois infinitivos: o impessoal e o pessoal. O impessoal é o nome do verbo (cantar, vender, partir, pôr). Não tem sujeito e, por isso, não se flexiona. Com o pessoal, a história muda de enredo. Ele tem sujeito. E não foge à regra: concorda com o mandachuva (para eu viajar, tu viajares, ele viajar, nós viajarmos, vós viajardes, eles viajarem). […]
“Ao adiar o aumento do diesel, o presidente foi intempestivo”, disseram gregos, romanos, troianos e baianos. Queriam dizer que ele tinha agido no impulso, sem medir os prós e os contras. Bobearam na escolha do vocábulo. Tempestivo e intempestivo não têm nada a verbo com temperamento. A duplinha pertence à família de tempo. Tempestivo significa no tempo certo, oportuno. O advogado apresentou o recurso tempestivamente […]