Categoria: Grafia
Hoje é 1 de abril ou 1º de abril? O primeirão — só ele — é privilegiado. Escreve-se com numeral ordinal: 1º de abril, 15 de maio, 7 de setembro.
“Impeachment sem crime de responsabilidade é o que?”, escrevemos na pág. 2. Cadê o acento? O pronome que, quando está no fim da frase, no fim mesmo, encostadinho no ponto, torna-se tônico. Pede chapéu. Melhor: Impeachment sem crime de responsabilidade é o quê?
Brasília ganhou uma loja especializada em croissants. Chama-se Croasonho. O nome vem do casamento da delícia com o sonho dos idealizadores do produto. Liana Sabo, que, além de comes e bebes entende de português, estranhou a grafia. A razão: um s entre duas vogais soa z. É o caso de mesa, camisa, surpresa. E, claro, croasonho. Pra manter a pronúncia, o s deveria ser dobrado? […]
Sigla tem plural? O plural não é obrigatório. Mas há grande preferência pela indicação do número. É fácil. Basta acrescentar um s pequenino: os PMs, as UTIs, as ONGs. Sem macaquices, moçada. O s é encostadinho na sigla. Nada de apóstrofo. Em português, o apóstrofo não indica plural. Indica supressão de letra: mãe-d´água.
Você viu? A lista da Odebrecht apelidou Eduardo Cunha de Carangueijo. Acrescentou um i intruso. A forma é caranguejo. Sem i.
Malhação do judas é substantivo comum. Escreve-se com letras minúsculas. É o caso de maria-mole, joão-de-barro, castanha-do-pará, pau-brasil. Todos jogam no mesmo time — o das criaturas sem pedigree.
Nunca sei quando usar espiar e expiar. Pode me dar uma luz? (Jonas Biatles) Guarde isto, Jonas. O garoto curioso espia pela fechadura da porta o banho da irmã. A mãe vê. Contrariada, castiga-o. Recolhe o celular por três dias. “Por quê?”, pergunta ele choroso. “Porque você deve expiar o erro.” É isso. Espiar é observar secretamente. Daí espião, espionar, espionagem. Expiar, pagar erros […]
A ver? Haver? Como não confundir as formas que soam do mesmo jeitinho? Seja esperto. Faça o jogo do troca-troca. Se o a for substituível por que, abra alas para o ver. Caso contrário, o haver pede passagem: Este caso não tem nada a (que) ver com aquele. Minha experiência tem tudo a (que) ver com a de Maria. Vai haver festa por aqui?
Oba! Bem-vindo! Bem-vindo se escreve assim — com hífen: Bem-vindo a Cuba. Bem-vindo a Brasília. Bem-vindo ao Brasil.
O personagem da semana? Ele mesmo, Lula. Primeiro, pintou a suspeita. O ex-presidente seria nomeado ministro? Depois, a certeza. Foi nomeado. Por fim, a divulgação de diálogos gravados com autorização da Justiça. Foi aí que a porca torceu o rabo. Na transcrição das conversas, emissoras de rádio e tevê censuraram os palavrões. Ouvintes e telespectadores protestaram. Queriam ouvir as frases na totalidade — tim-tim por […]