Categoria: Geral
A correção das redações do Enem confirmou certezas. Uma delas: a meninada tem dificuldade de entender o que lê. Vale o exemplo do tema da dissertação: A vida em rede no século 21 — os limites entre o público e o privado. Ops! Rede? Que bicho é esse? No caso, trata-se do conjunto dos meios de comunicação ou informação. Mas muitos entenderam a dissílaba como […]
A Laura é secretária de uma escola. Ela se preocupa com a grafia do nome das crianças. Observa acentos, esses e zês. “As certidões, diz ela, trazem o nome em letra maiúscula. Nem sempre devidamente acentuados. O que devo fazer?” Em português, as maiúsculas não gozam de privilégios. Têm o mesmo tratamento das minúsculas. Devem ser acentuadas quando necessário (Ásia, Índia). Pressupõe-se que os cartórios […]
Sobressair não é pronominal. Altivo, dispensa objeto. Reina sozinho, absoluto, sem pronome: Dilma sobressai nas pesquisas. Os povos da Mesopotâmia sobressaíram na escultura. O relator sobressaiu na discussão ao defender aumento do salário dos professores.
Que susto! Deu na TV: “Fiscais extorquiram comerciante”. É difícil. Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direto tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro de comerciante. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista.
“Entrei super pilhado e ganhei”, escrevemos na pág. 8 do Super Esportes. Bobeamos. Super pede hífen quando seguido de h ou r. No mais, é tudo colado: super-homem, super-região, supermercado, superativo. E, claro, superpilhado.
Vigir não existe. A forma é viger. O dissílabo tem um defeitão. É intolerante. Detesta o a e o o. Só se conjuga nas formas em que essas vogais não aprecem depois do g. A 1ª pessoa do singular do presente do indicativo (eu vigo) não tem vez. Nem o presente do subjuntivo. Que eu viga? Uhhhh! Nas demais, o amigo só de alguns é […]
“Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que imagina nossa vã filosofia”, disse Shakespeare. Ele devia estar pensando na concordância do é bom, é proibido, é feio, é necessário, é preciso & cia. A danada tem manhas. O adjetivo pode ficar invariável ou flexionar-se. Depende do recado. O imutável tem vez quando se deseja fazer referência de modo vago e geral. No […]
Vou ao restaurante e peço um prato à la carte. Com crase? Pra lá de certo. A expressão é francesa. Pede o grampinho.
“Para janeiro, a presidente deverá fazer alguns ajustes para preencher ministérios cujos os ministros sairão para disputar as eleições municipais”, escrevemos na pág. 6. O pronome relativo é o calo mais doloroso da língua. Hoje o maltratamos. Sem piedade lhe demos a companhia do artigo. O pobre sentiu arrepios. A razão: o cujo é alérgico à criatura. Melhor: Para janeiro, a presidente deverá fazer alguns […]

