Categoria: Geral
A língua é pra lá de produtiva. Palavras primitivas formam derivadas. Filhotes surgem a torto e a direito. É o caso de adjetivo que cria substantivo. Nu, por exemplo, gerou nudez. Assim, com z. Por quê? Nomes abstratos nascidos de adjetivos se grafam com a lanterninha do alfabeto: mudo (mudez), surdo (surdez), altivo (altivez), sólido (solidez).
“No mesmo dia em que foi apontada como a terceira mulher mais poderosa do mundo, a presidente Dilma enfrentou a fúria dos sem-terras e de grevistas”, escrevemos na capa. Ops! Esquecemos pormenor importante. Sem-terra é sem-sem. No masculino ou feminino, singular ou plural, é tudo igual. Melhor: No mesmo dia em que foi apontada como a terceira mulher mais poderosa do mundo, a presidente Dilma enfrentou […]
É festa. Os brasileiros comemoram o centenário de Nelson Rodrigues. O jornalista, dramaturgo e cronista era, sobretudo, um senhor frasista. Deixou ditos provocadores. Eles têm um denominador comum. São desconfortavelmente verdadeiros. Eis uma amostra grátis: “A companhia de um paulista é a pior forma de solidão.” “Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.” “Tarado é toda pessoa normal pega em […]
José Cruz No país do futebol, preparem-se para as emoções dos 14 Jogos Paralímpicos a partir do dia 29, em Londres. Isso mesmo — Paralímpicos.Os “paraolímpicos” ficaram na história dessa competição, que começou em 1960, na Itália, para deficientes físicos, amputados, cegos ou paralisados cerebrais ou mentais. Em março deste ano, o Comitê Brasileiro que dirige os esportes para deficientes decidiu adequar o termo brasileiro […]
DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@@dabr.com.br Deu nos jornais. Circulou na internet. Mereceu comentários de incrédulos a raivosos. A razão: paquistanesa cristã de 11 anos teria queimado páginas do Corão. Apesar de analfabeta e portadora de síndrome de Down, foi acusada de blasfêmia. Corre o risco de ser condenada à morte. Não faltaram ataques aos muçulmanos. Eles seriam fanáticos e terroristas. Veio à tona o 11 de […]
“Essas aqui eu acho muito elegantes, mas existem flores em outros lugares que precisam de pode regular”, escrevemos na pág. 29. Reparou nos tropeços? São dois. Um: o advérbio aqui acompanha o pronome este (esta). O essa pede o advérbio aí. O outro: as flores precisam de poda regular, não? Melhor: Estas aqui eu acho muito elegantes, mas existem flores em outros lugares que precisam […]
“A vida é muito curta para ser pequena.”
Quem pode prestar atenção à leitura de 1.200 páginas? Nem Deus. As criaturas só conseguem ficar atentas por determinado tempo. Depois, precisam de pausa. Cheios de engenho, os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram ler os votos em etapas. “Será um julgamento fatiado”, explicaram. “À prestação.” Os jornais correram atrás da novidade. Na hora de escrever, veio a dúvida. Com crase ou sem crase? Os repórteres não […]
“Foi ainda na era Khatami, quando retomaram a maioria no Legislativo, que os linha-duras engataram a marcha à ré”, escrevemos na pág. 17. Reparou? No período há dois tropeços. Um: o plural de linha-dura é linhas-duras. O outro: marcha a ré se escreve assim — sem crase.
(Colaboração de Edvaldo de Oliveira)