Categoria: Geral
Posso escrever lage com g? Os dicionários só registram laje, com j. Eles mandam. Nós não temos saída. Obedecemos. Ou obedecemos. Mas, se for nome próprio, a história muda de enredo. Como no jogo do bicho, vale o que está escrito.
“O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura à biografias”, escrevemos na pág. 8 do Diversão&arte. Viu? A crase nos pegou. No caso, falta o artigo. O acento não tem vez sem ele. Melhor: O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura a biografias. O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura às biografias.
A redação trabalha com palavras. Palavras compõem períodos. Períodos formam parágrafos. Parágrafos constroem textos. As regras de ouro se referem a esse quarteto. Como diz o esquartejador, vamos por partes. Comecemos pelo primeiro membro. 1. Palavras curtas. Entre dois vocábulos, fique com o mais curto: Somente ou só? Só. Colocar ou pôr? Pôr. Chuva ou precipitação pluviométrica? Chuva. Lombada ou obstáculo transversal? Lombada. Presidente ou chefe […]
Como chegar lá? Desvendar os mistérios de cada regra constitui trabalho de decomposição. São técnicas que estão ao alcance de quem quer algo mais do que escrever. Quer escrever melhor. Em bom português: quer dar recados claros, simples, concisos e prazerosos. Texto difícil não tem vez. E não é de hoje. Montaigne, no século 16, disse: “Ao encontrar um trecho difícil, deixo o texto de lado.” […]
Escrever é verbo transitivo. Escreve-se para alguém. O alguém é o leitor. Não o perca de vista. Contemporâneo, ele vive no século 21. Tem à mão livros, jornais, revistas e o universo sem fim da internet. Cada época tem seu jeitão de falar e dizer. Um texto do padre Antonio Vieira (1608-1697) não se confunde com o de Marcelo Rossi. Ambos são pregadores e falam […]
“O fato central de minha vida foi a existência das palavras e a possibilidade de tecê-las em poesia.”
Surpreso, li o seguinte post no blogue: “Argemiro Procópio é professor de relações internacionais da Universidade de Brasília. Cidadão do mundo, atravessa Europa, França e Bahia com a naturalidade de quem vai ali, até a esquina. Frequenta livrarias, teatros, museus e, sobretudo, bons restaurantes. Cozinha como poucos. Generoso, não come sozinho. Divide a iguaria com os amigos. Outro dia, foi ao supermercado comprar bebidas. Buscou […]
“…é hora de definir quem estará ao lado dela na campanha pela reeleição ou prefere ficar `solto´“, escrevemos na pág. 6. Reparou? As aspas, urubus do texto, sobram. Xô!
Conhece Rômulo Marinho? Ele é o maior especialista brasileiro em palíndromos — palavras ou frases que se leem indiferentemente da esquerda pra direita ou da esquerda pra direita. Quem quer estudar o assunto não tem saída. Precisa recorrer às obras marinhas. Leitor do blogue, RM nos brinda com aula de imperador. Os exemplos, inclusive os ignóbeis, foram produzidos por ele. Aprecie. Assim são os palíndromos […]
“Pelo menos mais 34 pessoas ficaram feridas”, escrevemos na capa. Reparou no excesso? Com o pelo menos, o mais sobra. Melhor: Pelo menos 34 pessoas ficaram feridas.