Categoria: Geral
Primeiro requisito Cuidado com a separação de sílabas. A criaturinha morre de vergonha se ficar com um pedaço lá e outro cá. Com razão. A primeira sílaba, no fim da linha, vira palavrão (cu-jo). Feito o estrago, o constrangido chora, chora, chora. Depois se vinga. Cobre o autor de vexames.
Como as pessoas, a língua sofre perseguição. As vítimas variam. Há pouco, a intolerância recaiu sobre a mesóclise — colocação do pronome átono no meio do verbo (dir-se-ia). A mais recente atinge o pronome cujo. Argumentos para a criação do clima de chega pra lá não faltam. Vão da feiura, passam pelo cacófato e chegam ao erro. No fundo, no fundo, a realidade é outra. […]
“Daqui para frente, o partido quer se abster de falar do presídio”, escrevemos na pág. 6. Cadê o artigo? O pequenino se impõe. Veja como parece claro no masculino (para o lado). Melhor dar a César o que é de César: Daqui para a frente, o partido quer se abster de falar do presídio.
Não gosto de ouvir do Goiás, no Goiás, o Goiás. O emprego do artigo está certo? Maria da Conceição Pereira) É a receita do cruz-credo, não? O modismo se espalha sem cerimônia. Chegou aos jornais e telejornais. Ouvidos sensíveis sofrem. Maltratam os donos. Xô, artigo intruso! Vem, nome livre e solteirinho: Goiás fica no Centro-Oeste. Moramos em Goiás. Ele é de Goiás.
“Escolha: ganhar um beijinho ou um beijo? Descolar um dinheirinho ou ganhar dinheiro? Comprar um carrinho ou um carro? A maneira como falamos revela como nos sentimos: se fazendo conquistas ou recebendo esmolas da vida. Para as gurias: jamais tolere ser chamada de mulherzinha. Imediatamente você estará permitindo que lhe etiquetem as piores qualificações, já que mulherzinha é fragilzinha, dependentezinha, medrosinha, boazinha. Que boazinha, o […]
“O consenso político entre os marineiros e pessebedistas é bastante complicado e distante pelo menos nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e do Maranhão”, escrevemos na pág. 4. Viu a discriminação? Culpa do artigo. Ele tratou desigualmente os iguais. Melhor: O consenso político entre os marineiros e os pessebedistas é bastante complicado e distante pelo menos nos estados de São […]
A classe mais sensível da língua? É o verbo. Só ele constrói orações. Sem a tão importante criatura, as palavras ficam soltas, à procura de elos. Importância cobra preço. Exige conjugação nota 10. Muitas vezes o falante não está nem aí. Distrai-se. Resultado: pisa formas que maltratam a língua. O leitor, sempre atento, protesta. É o caso de Vera Lúcia Oliveira. Ao ler o jornal, ela encontrou […]
“No princípio era o verbo. Depois, veio o sujeito e os outros predicados: os objetos, os adjuntos, os complementos, os agentes, essas coisas. E Deus ficou contente. Era a primeira oração.”
O Linkedin tem 259 milhões de usuários. São profissionais que escrevem o próprio perfil pra se apresentarem a outros profissionais. Todos os anos, a rede divulga as 10 palavras mais usadas na rede ao longo dos 365 dias. A campeã de 2013 é responsável. A vice, estratégico. Em seguida, pela ordem, multinacional, dinâmico, organizado, especialista, criativo, eficaz, inovador, competitivo. Só belas qualidades, não? De tão […]
Com o julgamento do mensalão, uma palavra frequenta tribunais e mesas de bar. Trata-se de semiaberto. A discussão não se restringe à aplicação da pena. Atinge a língua. Uns escrevem semi aberto. Outros, semi-aberto. Outros, ainda, semiaberto. E daí? O prefixo semi- obedece à regra do emprego do hífen. Pede o tracinho quando seguido de h ou de duas letras iguais. No caso, i. Fora isso, […]